02 Mai 2016
“Que ninguém permaneça afastado de Deus por causa de obstáculos postos pelos homens!”. Foi o que disse o Papa Francisco nesta manhã, durante a Audiência jubilar na Praça São Pedro. Reflexionando sobre o conceito de “reconciliação”, o Papa prosseguiu com seu ciclo de catequeses sobre a misericórdia, dirigindo-se em particular aos confessores: ”Por favor, não ponham obstáculos às pessoas que querem reconciliar-se com Deus”. A confissão “não é uma sala de torturas, nem um interrogatório”. Francisco saudou, no final da audiência, os membros das Forças Armadas e da Polícia que participam do jubileu.
A reportagem é de Iacopo Scaramuzzi, publicada por Vatican Insider, 30-04-2016. A tradução é de Benno Dischinger.
“Deixemo-nos reconciliar com Deus!”, disse o Papa aos 60 mil fiéis e peregrinos que assistiram à audiência extraordinária deste sábado. “Este Jubileu da Misericórdia é um tempo de reconciliação para todos. Tantas pessoas quereriam reconciliar-se com Deus mas não sabem como fazê-lo, ou não se sentem dignos, ou não querem admiti-lo nem sequer a si mesmos. A comunidade cristã pode e deve favorecer o regresso sincero a Deus de quantos sentem sua nostalgia. Sobretudo, quantos realizam o ‘ministério da reconciliação’ estão chamados a ser instrumentos dóceis do Espírito Santo para que, ali onde abundou o pecado, possa superabundar a misericórdia de Deus. Que ninguém permaneça afastado de Deus por causa de obstáculos postos pelos homens! E isto vale também – e o digo enfatizando-o – para os confessores, é válido para eles: por favor, não ponham obstáculos às pessoas que querem reconciliar-se com Deus. O confessor deve ser um pai!
Está no lugar de Deus Pai! O confessor deve acolher as pessoas que vão a ele para reconciliar-se com Deus e ajudá-los no caminho desta reconciliação que está realizando. É um ministério tão belo; não é uma sala de torturas nem um interrogatório, não, é o Pai que recebe, Deus Pai, Jesus que recebe e acolhe esta pessoa e perdoa. Deixemo-nos reconciliar com Deus! Todos nós!”
O Papa sublinhou que “muitas vez pensamos que nossos pecados afastam o Senhor de nós: na realidade, pecando, nós nos afastamos Dele, mas Ele, vendo-nos em perigo, com maior razão vem buscar-nos. Deus não se conforma jamais com a possibilidade de que uma pessoa permaneça estranha ao seu amor, mas quer encontrar nela algum sinal de arrependimento pelo mal praticado”.
O Ano Santo - prosseguiu Francisco - deve ser tempo “favorável para redescobrir a necessidade da ternura e da cercania do Pai e para regressar a Ele com todo o coração. Ter a experiência da reconciliação com Deus permite descobrir a necessidade de outras formas de reconciliação; nas famílias, nas relações interpessoais, nas comunidades eclesiais, como também nas relações sociais e internacionais. Alguém me dizia, em dias passados, que no mundo existem mais inimigos do que amigos e creio que tem razão. Mas não, façamos pontes de reconciliação também entre nós, começando pela própria família. Quantos irmãos têm discutido e têm se afastado somente pela herança. Mas vejam, isto não é assim! Este Ano é o ano da reconciliação, com Deus e entre nós! A reconciliação de fato é também um serviço à paz, ao reconhecimento dos direitos fundamentais das pessoas, à solidariedade e à acolhida de todos. Aceitemos, portanto, o convite a deixar reconciliar-nos com Deus, para converter-nos em novas criaturas e para podermos irradiar sua misericórdia em meio aos irmãos, em meio ao povo”.
No final da audiência, o Papa saudou em particular os que participam do Jubileu nas Forças Armadas e na Polícia, entre os quais estavam o Ministro do Interior da Itália, Angelino Alfano, e a Ministra da Defesa Roberta Pinotti: “As forças da ordem, lhes disse, têm a missão de garantir um ambiente seguro para que todo cidadão possa viver em paz e serenidade”. “Sejam instrumento de reconciliação, construtores de pontes e semeadores de paz”, continuou, “nos diversos âmbitos em que atuam”. “Vocês estão chamados não só a prevenir, gerir ou por fim a conflitos, senão também a contribuir na construção de uma ordem fundada na verdade, na justiça, no amor e na liberdade, de acordo com a Encíclica “Pacem in terris” de João XXIII”.
O Bispo de Roma os exortou a não se desalentar e a continuar seu caminho de fé e abrir os “corações ao Deus Pai misericordioso que não se cansa nunca de perdoar-nos”. O Papa também saudou, agradecendo-lhe por seu serviço desempenhado, ao periodista Angelo Scelzo, que se jubilará por motivos de idade e deixará seu posto como vice-diretor da Sala de imprensa da Santa Sé. “O Papa – indicou o porta-voz vaticano, o padre Federico Lombardi – enviou a Scelzo uma carta com a qual lhe expressa seu apreço e seu agradecimento”.
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Francisco: que os confessores não criem obstáculos aos que querem reconciliar-se com Deus - Instituto Humanitas Unisinos - IHU