01 Abril 2016
O documento altamente esperado do Papa Francisco sobre a família católica – que pode tocar em questões polêmicas como o divórcio, o recasamento e os relacionamentos homoafetivos – será lançado em 8 de abril, anunciou o Vaticano.
O documento, resultado de dois encontros dos bispos no Vaticano em 2014 e 2015, será intitulado “Amoris Laetitia. Sobre o amor na família”. O título em latim significa “A alegria do amor”.
O texto será apresentado em uma coletiva de imprensa em 8 de abril pelos cardeais Lorenzo Baldisseri e Christoph Schönborn, juntamente com os leigos Francesco e Giuseppina Miano.
O documento segue-se após dois encontros conhecidos como Sínodos dos Bispos. Baldisseri é o secretário geral dos Sínodos.
A reportagem é de Joshua J. McElwee, publicada por National Catholic Reporter, 31-03-2016. A tradução é de Isaque Gomes Correa.
Francisco provocou um intenso debate e muitas expectativas ao convocar dois Sínodos dos Bispos em anos seguidos, ambos focados na vida em família. A preparação para estes encontros mundiais dos bispos incluiu consultas diocesanas junto a especialistas leigos e ordenados além de, em alguns lugares, serem feitas pesquisas de opinião entre os fiéis sobre o estado da vida familiar.
No encerramento do Sínodo de outubro de 2015 em Roma, cerca de 270 bispos emitiram um longo documento destinado a assessorar Francisco. O texto recomendou um abrandamento significativo da prática católica relativa aos fiéis divorciados e casados novamente no civil.
Este novo documento do papa, conhecido formalmente como Exortação Apostólica, deve resumir os debates e as decisões travados naqueles encontros. O pontífice pode também tomar novas decisões concernentes às práticas pastorais da Igreja.
São escassas as informações sobre esta exortação. Vários relatos indicam que se trata de um documento extenso, talvez chegando a 200 páginas. O papa o teria assinado formalmente em 19 de março, dia da festa de São José e o dia que marcou a inauguração de seu ministério papal em 2013.
Um dos participantes do Sínodo 2015 afirmou, no começo deste mês, que, embora não espere que a exortação venha a ser um documento “bombástico”, isso “não significa que ele tenha de ser brando ou deixar de lado os temas principais”.
“Eu acho que este documento papal vai ser uma típica combinação de Bergoglio: uma combinação de desafio e encorajamento”, disse Dom Mark Coleridge, da Arquidiocese de Brisbane, Austrália. “Esse papa tem a estranha capacidade de dizer as coisas que podem ser bastante lancinantes, mas que acabam sendo encorajadoras também”.
Coleridge, que participou no Sínodo dos Bispos 2015 como um dos dois prelados eleitos pelo episcopado australiano, disse esperar que Francisco possa encorajar aqueles que estão casados ou que estão pensando em se casar, ao mesmo tempo desmascarando algumas mentiras e meias verdades que se juntaram em torno do matrimônio e da família nos últimos tempos”.
Sabe-se que os bispos que participaram do evento no ano passado em Roma discutiram questões como o divórcio e o segundo casamento; o uso de métodos contraceptivos; e o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Alguns dos debates mais polêmicos centraram-se na prática da Igreja para com os católicos que se divorciam e volta a casar sem, antes, obter as anulações matrimoniais necessárias. A prática atual da Igreja proíbe tais pessoas de receber a Comunhão.
Alguns dos momentos mais polêmicos centraram-se sobre a prática católica para com os fiéis que se divorciam e voltam a se casar sem obter, antes, as devidas anulações de seus compromissos matrimoniais prévios. A prática em vigor na Igreja proíbe que tais pessoas recebem a Comunhão.
O documento final do Sínodo ocorrido em outubro de 2015 pareceu direcionar a tomada de decisão sobre como os fiéis divorciados participam na Igreja para conversas privadas entre eles e os pastores nas dioceses ao redor do mundo.
Sugerindo o que se chama “foro interno”, o documento escreve que os sacerdotes podem ajudar os católicos recasados a “tornarem-se cônscios da situação em que se encontram diante de Deus” e, então, decidir como seguir em frente.
“A conversa com o sacerdote, no foro interno, contribui para a formação de uma decisão correta sobre o que está impedindo a possibilidade de uma participação mais plena na vida da Igreja e sobre os passos que podem fomentar esta participação e fazê-la crescer”, lê-se no texto.
Nesta quinta-feira, o Vaticano informou que a exortação apostólica será tornada pública no meio dia de Roma, em 8 de abril. Inicialmente o documento será publicado em italiano, francês, inglês, alemão, espanhol e português.
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Documento do Papa Francisco sobre a família será publicado em 8 de abril - Instituto Humanitas Unisinos - IHU