20 Janeiro 2016
Deus não se fixa nas aparências, mas vê o coração. É quanto foi afirmado por Francisco na Missa matutina na Casa Santa Marta, centrada na Primeira Leitura que narra a eleição do jovem Davi como rei de Israel. O Papa sublinhou que, também na vida dos Santos, há tentações e pecados, como demonstra precisamente a vida de Davi, mas jamais – advertiu – convém “usar Deus para vencer uma causa própria”.
O Senhor rejeita Saul “porque tinha o coração fechado”, não lhe havia obedecido e pensa em escolher outro rei. O Papa Francisco se inspirou no Primeiro Livro de Samuel, onde se narra a escolha de Davi.
A informação é publicada por Rádio Vaticana, 19-01-2016. A tradução é de Benno Dischinger.
O Senhor vê o coração, não se fixa nas aparências.
Uma escolha distante dos critérios humanos, sublinhou, já que Davi era o menor dos filhos de Jessé, um garotinho. Mas, o Senhor faz entender ao profeta Samuel que para Ele não conta a aparência, “O Senhor vê o coração”: “Nós somos tantas vezes escravos das aparências, escravos das coisas que aparecem e nos deixamos levar em frente por estas coisas: ‘Mas isto parece... ’ Mas o Senhor sabe a verdade. E assim esta história... Passam os sete filhos de Jessé e o Senhor não escolhe nenhum, os deixa passar. Samuel está um pouco em dificuldade e diz ao Pai: ‘Nem sequer este, Senhor, ele escolheu?’ ‘Estão aqui todos os jovens, os sete?’ ‘Mas, sim, há um, o pequeno, que não conta, que agora está pastoreando a grei’. Aos olhos dos homens este garotinho não contava”...
Uma escolha distante dos critérios humanos, sublinhou, já que Davi era o menor dos filhos de Jesse, um garotinho. Mas o Senhor faz entender
Davi reconhece o seu pecado e pede perdão
Não contava para os homens, retomou o Papa, mas o Senhor o escolhe e comanda a Samuel ungi-lo e o Espírito do Senhor “irrompe sobre Davi”, e daquele dia em diante “toda a vida de Davi foi a vida de um homem ungido pelo Senhor, eleito pelo Senhor”.
“Então – se pergunta Francisco- o Senhor o tornou Santo?” Não, é sua resposta, “O Rei Davi é o Santo Rei Davi, isto é verdade, mas Santo após uma vida longa”, também uma vida com pecados: “Santo e pecador. Um homem que soube unir o Reino, soube levar em frente o povo de Israel. Mas, tinha as suas tentações... tinha os seus pecados: foi também um assassino. Para cobrir a sua luxúria, o pecado de adultério... deu a ordem de matar. Ele! ‘Mas o Santo Rei Davi matou?’ Mas quando Deus enviou o profeta Natã para fazer-lhe ver esta realidade, porque ele não se dera conta da barbárie que havia ordenado, reconheceu ‘pequei’ e solicitou perdão”. Assim, prossegue o Papa, “sua vida foi em frente. Sofreu na sua carne a traição do filho, mas jamais usou Deus para vencer em causa própria”. Recordou, assim, que, quando Davi deve fugir de Jerusalém, manda de volta a Arca e declara que não usará o Senhor em sua defesa. E quando era insultado, em seu coração pensava: “Eu o mereço”.
Não existe Santo sem passado, nem um pecador sem futuro.
Depois, anotou Francisco, “vem a magnanimidade”: podia matar Saul, “mas não o fez”. Eis o Santo rei Davi, grande pecador, mas arrependido. “A mim – confiou o Papa - comove a vida deste homem” que nos faz pensar também na nossa vida: “Todos nós fomos escolhidos pelo Senhor pelo Batismo, para estar no seu Povo, para ser Santos; fomos consagrados ao Senhor, neste caminho da santidade. Foi escolhendo esta vida [de Davi, ndr], desde menino – mas, um menino não... era um rapaz – desde rapaz até um velho, que fez tantas coisas boas e outras não tão boas, me vem de pensar que no caminho cristão, no caminho que o Senhor nos convidou a trilhar, vejo que não existe algum Santo sem passado, nem algum pecador sem futuro”.
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Francisco: não há Santo sem passado, nem pecador sem futuro - Instituto Humanitas Unisinos - IHU