09 Novembro 2015
Na semana passada, após investigações, a gendarmaria vaticana prendeu um monsenhor espanhol, Lucio Angel Vallejo Balda, e uma especialista em relações públicas italiana, a Dra. Francesca Immacolata Chaouqui, pelos supostos papéis que desempenharam no vazamento de informações confidenciais e reservadas concernentes às finanças vaticanas e outros assuntos a jornalistas italianos que recentemente publicaram dois livros baseados, em particular, nestas informações.
A reportagem é de Gerard O'Connell, publicada por America, 05-11-2015. A tradução é de Isaque Gomes Correa.
Enquanto o Mons. Vallejo Balda, de 54 anos, ainda se encontra numa prisão vaticana, a senhorita Chaouqui, 33, está de volta a sua casa. Ela foi solta após ficar detida por um dia e meio tão logo que começou a colaborar com os investigadores.
No dia 2 de novembro, o Vaticano emitiu um comunicado à imprensa anunciando as prisões e disse: “Hoje, o escritório do Promotor de Justiça, nas pessoas do Prof. Gian Piero Milano, promotor de Justiça, e do Prof. Roberto Zannotti, vice-promotor de Justiça, convalidou a prisão das pessoas acima mencionadas, mas concedeu a libertação da Dra. Chaouqui, dado que as exigências para a detenção preventiva não se faziam mais necessárias por causa da cooperação dela com as investigações”.
A revista America soube agora que houve um outro motivo – será que ele não poderia ser o principal? – para esta sua rápida libertação. E ele tem a ver com o fato de que a acusada está com mais de dois meses de gravidez, e fontes disseram que o papa não quis mantê-la na prisão sob esta condição delicada. Este fato explica também por que Chaouqui ficou, na verdade, detida num convento feminino dentro do Vaticano, e não numa cela prisional, como aconteceu com Vallejo Balda. Ele está na mesma cela que foi ocupada pelo mordomo de Bento XVI, Paolo Gabriele, três anos atrás.
Desde que foi detida, Chaouqui contratou uma das advogadas mais conhecidas do país, Giulia Bongiorno, para defendê-la. Após a sua soltura, Chaouqui tem dito ser inocente em conversas com jornalistas, e no Facebook e no Twitter a doutora afirmou: “Não sou uma toupeira. Não traí o papa. Nunca dei papel algum para ninguém”. Ela culpa Vallejo Balda por tê-la colocado nesta situação.
De sua parte, o monsenhor espanhol que tem laços estreitos com o Opus Dei está detido na prisão vaticana “à disposição do promotor de Justiça”. No momento de sua prisão, o Mons. Vallejo Balda era secretário da Prefeitura para Assuntos Econômicos da Santa Sé e membro do Comitê para Segurança Financeira da Santa Sé.
Tanto Vallejo Balda como Chaouqui eram membros da Comissão Pontifícia para Referência na Organização da Estrutura Econômico-Administrativa da Santa Sé, criada pelo Papa Francisco em 18 de julho de 2013, mas que agora está obsoleta por já ter completado o seu trabalho. Ele era o secretário desta Comissão e ela era um dos seus participantes. Ambos tinham acesso a informações financeiras confidenciais e organizacionais que aparecem nos dois livros recém-publicados.
Os dois foram detidos com base na nova legislação introduzida no Estado da Cidade do Vaticano pelo Papa Francisco em 11 de julho de 2013, a qual alterou o Código Criminal e o Código dos Procedimentos Criminais. A nova legislação entrou em vigor seis dias antes que a Organização da Estrutura Econômico-Administrativa da Santa Sé fosse instituída.
Desde a sua libertação, Chaouqui foi interrogada em, pelo menos, uma ocasião pelos investigadores vaticanos, assim como outros tantos funcionários naquilo que parece ser uma investigação mais ampla que poderá pegar peixes maiores.
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Um segundo motivo por que a mulher italiana no Vatileaks 2 foi solta da prisão - Instituto Humanitas Unisinos - IHU