27 Outubro 2015
Um complô mal sucedido. Uma tentativa de enfraquecer o papa e bloquear os esforços inovadores do Sínodo. Uma operação fracassada de tentar fazer algum tipo de referendo sobre o pontífice argentino. Fechados os trabalhos dos Padres sinodais, as pessoas mais próximas de Francisco traçam um primeiro balanço do que aconteceu nas últimas três semanas. E, no quadro, apesar do êxito final que o Santo Padre considera suficientemente positivo, não faltam as pinceladas com tons mais escuros. "Mas agora – explica quem tem familiaridade com as salas mais reservadas do Vaticano – abre-se a fase dois."
A reportagem é de Claudio Tito, publicada no jornal La Repubblica, 26-10-2015. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Começando pelos temas discutidos nesses dias, como a família e o divórcio, de fato. O Sínodo propõe, mas depois quem decide é o papa. E a "exortação apostólica", que geralmente segue a reunião, não será uma síntese servil do que aconteceu durante essas três semanas. Mas conterá um esforço extra. Em suma, "cum", mas também "sub Petro".
Até porque, depois dos acontecimentos traumáticos das últimas duas semanas, Francisco não escondeu aos seus interlocutores e aos seus colaboradores que ficou um pouco decepcionado, senão surpreso, com alguns comportamentos no perímetro curial. Ele temia desde o início que a mensagem teológica do Sínodo não fosse capaz de traçar um novo horizonte para a Igreja.
E, então, aquele princípio conhecido de todos os Padres sinodais se tornará prática para o pontífice: ele vai decidir, no ano jubilar, o que pode e deve mudar. Na sua autonomia. Com um modelo bem claro para os bispos: aquele com o qual o Santo Padre reformou o procedimento para a nulidade do matrimônio. Duas leis que revisaram completamente o procedimento da Rota Romana.
"O Sínodo não é um parlamento, onde para se alcançar um consenso se pactua, se negocia e se busca um compromisso", advertira o papa nos primeiros dias de outubro. Uma maneira de dizer que não se podia resolver tudo em uma simples síntese capaz apenas de não descontentar os chamados conservadores e progressistas. "O único método é o se abrir ao Espírito Santo." E o relatório introdutório do cardeal húngaro Erdö certamente não representava um bom presságio.
Ao contrário, o papa previra que, antes e durante o Sínodo, se consumariam diversas tentativas de poluição e de provocação para bloquear o seu resultado esperado. Das "cartas secretas" ao seu estado de saúde. Cartas das quais se deu notícia apenas em parte. Há algum tempo, tinham sido identificadas as diversas fileiras de ataque. O exemplo que é citado é o do Mons. Charamsa, que, antes do escândalo na véspera do Sínodo, tinha até sido incluído entre as hipóteses de nomeação como subsecretário da Congregação para a Doutrina da Fé. E foi justamente Francisco, evidentemente bem informado, que a bloqueou.
Até porque o papa, recordando as velhas guerras entre "corvos", começou a se servir autonomamente de muitas pessoas que oferecem informações e reflexões para além dos canais oficiais. Elas reportam diretamente a ele e atuam em perfeita lealdade e confidencialidade. Ele ouve quem quiser, sem filtros, e é ele quem governa a sua "segurança" e a sua "saúde".
Não é sem significado a mudança do seu médico pessoal, e basta pensar que a Santa Sé estava ciente na terça-feira passada da possibilidade de que um jornal publicasse notícias sobre a saúde de Francisco. E o porta-voz da Sala de Imprensa vaticana, padre Lombardi, esperou a primeira edição para negar com uma tempestividade inédita para aquele mundo.
Há meses, muitos homens próximos do Santo Padre estavam convencidos de que uma parte dos Padres sinodais, e não só, visavam a criar um clima de desconfiança. Para demonstrar que a "maioria" que se formou no conclave de 2013 havia desaparecido. Uma mensagem que muitos esperavam que fizesse explodir "ad intra ed extra" a Santa Sé. Francisco, então, virou a mesa: o Sínodo não era uma votação sobre o seu pontificado, mas uma orientação posta à sua disposição para a Igreja universal.
No Sínodo do ano passado, esse mesmo grupo também tinha tentado, sem conseguir, envolver o Papa Emérito Bento XVI. Mas, no sólio petrino, todos estavam convencidos de que, nesta ocasião, Ratzinger nunca permitiria que alguém se apropriasse da sua autoridade teológica para arranhar a abordagem pastoral do sucessor. Ele não se deixou usar antes, não se deixará usar nunca.
Além disso, Bento XVI representa um ponto de gravidade e uma referência para o próprio Francisco. Entre os interlocutores, está crescendo a sensação de que os atuais inimigos de Francisco são os mesmos de Bento XVI. Aqueles que, há três anos, ressaltavam a velhice do papa e a consequente incapacidade de governar a Cúria. Não por acaso, Bergoglio definiu a renúncia do seu antecessor, Bento XVI, não como uma escolha, mas como uma "instituição". E, justamente por esse motivo, nunca antecipou a vontade de renunciar, mas sempre salientou que, diante desse precedente, também é necessário se interrogar. Também de sua parte.
Para parar os adversários, então, o papa utilizou a estrutura do Concílio Vaticano II. Os tempos e os espaços entre uma sessão e outra, os intermediários.
Antes do Sínodo, justamente, ele modificou o sistema dos procedimentos de nulidade do matrimônio. Depois, anunciou a criação de um novo dicastério da família, ampliado para os leigos. E, finalmente, está prestes a tornar públicas duas nomeações surpreendentes: Matteo Maria Zuppi e Corrado Lorefice para Bolonha e Palermo, sinal de novidade dentro de um episcopado que esperava e ainda espera algo diferente. Até o fim tenazmente obstaculizadas e decisivamente em descontinuidade em relação a Carlo Caffara (um dos signatários da famosa carta contra o papa) e Paolo Romeo. Em descontinuidade especialmente com o método das corjas e das cooptações, das compensações entre potentados que se consideram mais fortes do próprio papa.
O Jubileu da Misericórdia, portanto, vai se tornar "premissa e conclusão" de toda questão teológica e pastoral, que, de outra forma, teria sido esmagada pelas ideologias contrapostas dos tradicionalistas e dos progressistas. O Sínodo – repetem – na "Igreja pobre para os pobres" é, então, uma etapa, e não uma conclusão.
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Novas nomeações na Cúria e novo início para os divorciados: assim Francisco abre a segunda fase do pontificado - Instituto Humanitas Unisinos - IHU