Por: André | 01 Setembro 2015
“Que Deus conceda o descanso e a paz ao nosso irmão José”. Com estas palavras, o arcebispo Konrad Krajevski, Esmoleiro do Papa, começou o rito das exéquias para Jozeph Wesolowski, o ex-núncio apostólico reduzido ao estado laico pela Congregação para a Doutrina da Fé.
A reportagem é publicada por Vatican Insider, 31-08-2015. A tradução é de André Langer.
Embora a sentença de apelação da Congregação que rechaça o recurso que foi proposto por Wesolowski ainda não tenha sido publicado no momento da sua morte, o funeral teve o rito para os leigos.
É um sinal de respeito pelas vítimas inocentes. Durante o espaço dedicado à homilia, dom Krajewski limitou-se a convidar os fiéis para “meditar em silêncio sobre o grande tesouro que o Senhor nos deu com a Eucaristia e oferecê-la pelo nosso irmão José”.
Durante a oração dos fiéis, entre as intenções lidas por uma religiosa paulina havia uma por Wesolowski e outra por suas numerosas vítimas. Rezou-se, pois, pela “alma de nosso irmão José, para que o Senhor a liberte do poder das trevas e da morte eterna”, mas também “por aqueles que estão na dor, para que o Senhor os console”. O celebrante invocou “a remissão de qualquer culpa para que as almas de nossos irmãos defuntos obtenham o perdão que sempre desejaram”. E pediu para que a Eucaristia “seja fonte para o nosso irmão José de alegria e perdão”.
Dom Krajevski, ao final do rito, deu ao defunto a última bênção com água benta e incenso sobre o ataúde. A fórmula escolhida foi a mais breve e simples, mas terminou com palavras muito significativas: “Senhor, apaga com teu amor os pecados que pela fragilidade humana o nosso irmão cometeu nesta vida”.
A sobriedade da liturgia, a ausência de homilia e de qualquer outro discurso, além da decisão de utilizar o ritual para os leigos representam a vontade vaticana de virar dignamente a horrível página do caso Wesolowski, embora talvez contrastasse com esta atitude a presença de mais de 20 concelebrantes, a começar pelo cardeal James Harvey, arcipreste da Basílica de São Pedro e ex-prefeito da Casa Pontifícia, e do assessor da Secretaria de Estado, dom Wells, que acompanharam dom Krajevski na igreja do Governadorado, a poucos metros da residência dos penitenciários da Basílica de São Pedro, onde Wesolowski estava alojado após a prisão no ano passado, e onde foi encontrado morto (por um ataque cardíaco, segundo a autópsia realizada por médicos vaticanos). Entre os que participaram da missa, havia cerca de 50 freiras de diferentes congregações, alguns religiosos e um grande número de jornalistas.