17 Agosto 2015
SP-Rio-BSB
“Sob a ótica palaciana, a boa notícia é que os protestos foram grandes, mas não gigantescos a ponto de deixar o Planalto de cabelo mais em pé do que já está. Há protestos espraiados por todo o país, com destaque a algumas cidades do Nordeste que paulatinamente abandona o PT, mas o grosso da manifestação está no esperado eixo São Paulo-Rio-Brasília” – Igor Gielow, jornalista – Folha de S. Paulo, 17-08-2015.
Programa de domingo
“Há a percepção de que o protesto virou um programa de domingo, seja de ricos ou de pobres, o que seria natural com um governo com avaliação positiva de apenas 8% (segundo o mais recente Datafolha). Um evento dominical e sazonal, que transforma a pressão sobre o Planalto em algo que vem das ruas apenas de forma periódica – nada de "vigílias cívicas" ou a constância dos meses finais de Collor na Presidência em 1992” – Igor Gielow, jornalista – Folha de S. Paulo, 17-08-2015.
Moro
“Não por acaso, a novidade nas ruas foi o apoio ao trabalho do juiz Sergio Moro, condutor da Lava Jato, e não o de algum político de oposição” – Igor Gielow, jornalista – Folha de S. Paulo, 17-08-2015.
Elementos novos
“A banalização do protesto tem elementos novos. Atos sazonais e que dependem de mobilização na internet parecem condenados ao mesmo escaninho da análise dos "curtir" do Facebook: aglutinadores de pessoas que pensam parecido e que falam uns para os outros a mesma "verdade". Galerias de fotos serão preenchidas com gente orgulhosa de ter ido para a rua, mas cujo poder de sedução por ora não parece ultrapassar a sua "timeline" – Igor Gielow, jornalista – Folha de S. Paulo, 17-08-2015.
Copacabana engana
“Para uma manifestação (em Copacabana) contra uma presidente que fez uma campanha eleitoral mentirosa e goza no momento de reprovação recorde, tinha pouca gente na rua. Uma gente bem comportada demais, ensaiada demais, bem vestida demais no seu passeio domingueiro. Um leve exercício antes de bater a fominha” – Álvaro Costa e Silva, jornalista – Folha de S. Paulo, 17-08-2015.
Saldo para o governo
"Vejo esses atos como 'desinflados', com um começo de perda do empuxo popular. Acho que é natural, pois é difícil manter a mesma dinâmica por muito tempo. Em relação ao governo, o saldo é positivo, pois há claramente uma regressão da postura mais agressiva em comparação a momentos anteriores. A movimentação política desta semana indica um certo esforço de moderação, com o recuo de Renan no Senado; um isolamento do presidente da Câmara [Eduardo Cunha], e as convergências de apoio na faixa empresarial" - Fábio Wanderley Reis, cientista politico - Portal Uol, 17-08-2015.
Saldo para a oposição
"O quadro agora envolve um certo refluxo da movimentação política contra o governo. A alternativa que nós tínhamos, a do impeachment, envolve riscos, visto o enfrentamento de forças políticas latente desde a eleição passada, e não é desejável que a turbulência enfrentada pelo governo continue" - Fábio Wanderley Reis, cientista politico - Portal Uol, 17-08-2015.
Oxigênio
“O dia de protestos não foi uma avalanche, o que faria o Palácio do Planalto amanhecer nesta segunda-feira (17) coberto de nuvens carregadas. Oxigênio para a presidente Dilma, que ganha mais tempo para tentar sair das cordas” – Valdo Cruz, jornalista – Folha de S. Paulo, 17-08-2015.
Rua x Sistema político
“Há uma profunda desconexão entre a rua e o disfuncional sistema político brasileiro e entre as urnas e a superestrutura política. Exemplo de irracionalidade: o PT elegeu a presidente, com mais de 50% dos votos, mas não tem nem remotamente a maioria do Parlamento. Se tivesse, o governo Dilma 2 seria outro, certamente mais bem avaliado, não pelas qualidades do PT, mas pelo fato de que pior do que está não pode ficar” – Clóvis Rossi, jornalista – Folha de S. Paulo, 17-08-2015.
Colo do PMDB
“Resultado: a governabilidade caiu no colo do PMDB, que não teve um único miserável voto para a Presidência (a carinha do vice, peemedebista, nem aparece na urna eletrônica). Logo, não tem compromissos nem com a presidente nem com o país nem com a rua. A não ser que esta resolva rugir com mais força do que a demonstrada até agora” – Clóvis Rossi, jornalista – Folha de S. Paulo, 17-08-2015.
Fiesp, Firjan, CNI, CNA e OAB juntas
“Depois da Fiesp e da Firjan, presidida por Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira, dos sindicatos trabalhistas e da Cbic (construção civil), na quarta-feira será a vez de a CNI, a CNA, a CNT e a OAB pedirem a união nacional para tirar o país da crise. Para essas, reverter o quadro econômico é tarefa de todos. O tom das notas rechaça bandeiras que dividem o país, como o impedimento da presidente Dilma e a realização de novas eleições” – Ilimar Franco, jornalista – O Globo, 16-08-2015.
Agenda Brasil. Um desastre social
“Pedra filosofal em cartaz, a Agenda Brasil é um programa de destruição de conquistas sociais de causar inveja à antiga UDN. Exemplos: mexe na aposentadoria, libera o uso obrigatório de verbas na Saúde e Educação, promete sacramentar a terceirização selvagem, favorece o setor ruralista, ameaça rendimentos do funcionalismo. Também afaga os planos de saúde com mais benesses. Pensou-se até em começar a privatização do SUS. Um desastre social” – Ricardo Melo, jornalista – Folha de S. Paulo, 17-08-2015.
Agenda Brasil e as margaridas
“A Agenda Brasil surge simultaneamente à movimentação do Planalto em direção ao grande capital. Ao que já se sabe, e pelo que talvez nunca venha a público, no mesmo período multiplicaram-se reuniões de emissários do governo com presidentes de grandes bancos, empresários graúdos e magnatas das telecomunicações. A governabilidade passou a ser defendida pelo presidente do Bradesco, o vice-presidente do Grupo Globo, mandatários da Fiesp e da Firjan e outros tantos plutocratas. Margaridas e alguns movimentos sociais, independentemente de sua vontade, apenas coloriram o ambiente, como aquelas decorações usadas para enfeitar festas e banquetes da elite bem de vida” – Ricardo Melo, jornalista – Folha de S. Paulo, 17-08-2015.
Oposição inconfiável
“Feitas as contas, constata-se dia após dia que um dos principais trunfos do Planalto é a indigência política das lideranças da oposição, inconfiáveis mesmo para os milionários que sempre as sustentaram. Isso hoje: numa conjuntura volátil, trata-se de uma combinação com prazo de validade impossível de prever. A única certeza é a de que arranjos semelhantes podem até salvar mandatos, engordar lucros e emparedar governos; jamais são capazes de melhorar a situação de um país” – Ricardo Melo, jornalista – Folha de S. Paulo, 17-08-2015.
Saia justa
“Aconteceu no ato dos movimentos sociais. Parte da platéia gritava "Fora Levy", "Fora Cunha". A presidente Dilma se vira para o ministro Miguel Rossetto: "O que é isso?" O ministro respondeu: "PCdoB!" Do lado, a presidente da UNE, Carina Vitral, negou que fossem da sua sigla: "PCdoB nada. São da DS". A DS é a tendência do ministro” – Ilimar Franco, jornalista – O Globo, 16-08-2015.
Maldade que rola na internet sobre Lula, Sarney, Renan e cia.
“Maldade que circula no território livre da internet, ainda sobre a reunião de Lula com os eternos caciques do PMDB (Sarney, Renan, Jucá, Jader...) para tentar salvar Dilma. Enquanto a população ataca de panelaço, Lula investe na... "panelinha". Faz sentido” – Ancelmo Gois, jornalista – O Globo, 16-08-2015.
São Paulo City
“Nosso querido Ziraldo, 82 anos, cita dois eventos da semana passada que mostram como os paulistas são também grandes adoradores da língua inglesa. O primeiro foi a Semana de Moda para Mulheres Negras, batizado de Africa Plus Size Fashion Week Brasil. “O interessante é que fizeram questão de escrever Brasil com S”, diz o mestre do humor” – Ancelmo Gois, jornalista – O Globo, 16-08-2015.
O outro...
“Além desse, houve a venda de cotas de terreno num haras. O anúncio dizia: “Authentic, simple, elegant and exclusive.” Ou seja: o paulista, conclui Ziraldo, “é elegant pra cacete” – Ancelmo Gois, jornalista – O Globo, 16-08-2015.
Frases do domingo, 16-08-2015
De Itamar a Dilma
“Ao jornal "Valor Econômico", o cientista político Fernando Abrucio sugeriu um caminho: "A melhor das hipóteses para Dilma é ser um governo de transição para 2018. Não é pouca coisa para o país, nem para ela, se souber ter estatura política para isso. (...) Dilma é o Itamar [Franco] da vez". Que Dilma Rousseff enxergue essa última oportunidade que, paradoxalmente, a história lhe oferece” – editorial do jornal Folha de S. Paulo, 16-08-2015.
Pacto das elites
"Todo mundo baixou a bola. Dilma agora está caminhando na direção do pacto das elites, uma velha tradição brasileira" - Chico Alencar, deputado federal – RJ, líder do PSOL.- Folha de S. Paulo, 16-08-2015.
Risco Lula? Acabou!
“O grande risco que tínhamos desde o fim do regime militar era a possibilidade de um governo petista. Afinal de contas, eles prometiam moratórias, interna e externa, socialização dos bancos, controle dos meios de produção, reforma agrária radical, etc. etc. Pois bem, Lula chegou ao Planalto e a primeira coisa que fez foi acabar com o risco Lula. Simples assim” – Ivan Sant’Anna, escritor e trabalhou no mercado financeiro por quase 40 anos – Folha de S. Paulo, 16-08-2015.
Jabutis de lobbies
“A Agenda Brasil, um arremedo de programa de Dilma 2 cheio de jabutis de lobbies, o casamento de fomes políticas com vontades de comer empresariais, também hábil e rapidamente costuradas por Jucá. Nessas conversas, porém, o senador não deu vida mansa à presidente. O PMDB-Senado quer "reorientar" o governo, em "estado crítico", dar "previsibilidade" ao empresariado e se mostrar à altura de governar em "qualquer situação", no dizer de um empresário "quase amigo" de Jucá” – Vinicius Torres Freire, jornalista – Folha de S. Paulo, 16-08-2015.
Água fria
“Se o trio agiu de modo concatenado, não foi possível descobrir. Das conversas fica a impressão de que Calheiros e Jucá são agastados com Levy. De qualquer modo, houve um esforço concentrado de pedidos de socorro ao mundo da empresa, que por vezes até chegou de modo próprio a pedir "serenidade" a lideranças políticas. Não é nem de longe toda a história da operação água na fervura (por que certas lideranças políticas deram um refresco à presidente?). Mas ajudou a dar sobrevida a Dilma 2” – Vinicius Torres Freire, jornalista – Folha de S. Paulo, 16-08-2015.
Chacina sem protesto
“Da costureira Rosângela Gonçalves à Folha, sobre a matança da última quinta em Osasco: "Quando morre um policial, pode saber que em até 15 dias vai ter uma chacina. Nunca vai mudar, aqui não existe Justiça". Contra isso, infelizmente, pouca gente se anima a protestar” – Bernardo Mello Franco, jornalista – Folha de S. Paulo, 16-08-2015.
Para fugir de controle de milicianos em Caxias, moradora recorre ao fogão à lenha
"Milicianos que controlam a venda de botijão de gás numa comunidade de Duque de Caxias (RJ) têm um rígido serviço de vigilância sobre os moradores. Outro dia, uma senhorinha foi interpelada por um deles, que perguntou: "Tem três meses que a senhora não compra com a gente, o que aconteceu? Está comprando com outra pessoa?" Assustada, a tia disse estava usando fogão à lenha, para economizar" - Ancelmo Gois, jornalista - O Globo, 16-08-2015.
Dilma e o direito dos trabalhadores
"Apesar do apoio à presidente Dilma, os sindicatos estão pessimistas com seu segundo mandato. Diretor do Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar), Antônio Augusto de Queiroz avalia que o governo “não tem margem fiscal” para evitar a ofensiva dos empresários sobre os direitos dos trabalhadores, para manter seus lucros. Considera negativa a separação da pauta, entre as que são de governo e as de partidos e sociedade. Registra, ainda, o poder de fogo do capital no Ministério: Joaquim Levy, sistema financeiro; Katia Abreu, agronegócio; Armando Monteiro, empresariado urbano e industrial; e Afif Domingos, comércio e serviços" - Ilimar Franco, jornalista - O Globo, 15-08-2015.
A volta do velho PMDB
“A Agenda Brasil, lançada por Renan Calheiros na última segunda, recoloca o PMDB no lugar que objetivamente lhe cabe na política nacional desde que esta se polarizou entre PT e PSDB: o centro do espectro. O fato de ser agremiação fisiológica não elimina o rol que desempenha de fato. O radicalismo golpista de Eduardo Cunha não combina com o papel moderador do partido. Visto em retrospecto, o movimento do centro peemedebista revela o "timing" típico da velha guarda pessedista, da escola de Tancredo Neves” – André Singer, cientista político – Folha de S. Paulo, 15-08-2015.
Sem pestanejar
“Importa pouco que o conteúdo (da Agenda Brasil) seja desconjuntado e espumante. A orientação geral é clara. Trata-se de fazer concessões à direita em troca de salvar o mandato da presidente. A mandatária nem pestanejou. Aceitou de pronto a proposta conciliatória. Joaquim Levy passou de imediato a negociar ajustes (especialidade) na lista de medidas. Lula endossou mais do que depressa”
– André Singer, cientista político – Folha de S. Paulo, 15-08-2015.
As ruas
“Resta saber o que dirão o PSDB, a esquerda (assunto para a frente em formação) e as ruas. As manifestações de amanhã e quinta serão decisivas. Mas o PMDB cumpriu a missão do centro e devolveu racionalidade ao processo” – André Singer, cientista político – Folha de S. Paulo, 15-08-2015.
GPS danificado
“O governo tinha uma nuvem diante de si, estava entrando na tempestade. Não disse em quanto tempo ia sair dela para os agentes econômicos se planejarem, arrocharem o cinto, não comerem, recolherem a bandeja. Botaram a culpa nas aeromoças. Com um agravante: o GPS deste avião estava danificado” – Romero Jucá, senador – PMDB-RR - Folha de S. Paulo, 15-08-2015.
UTI
“Ou o governo dá um cavalo de pau radical ou ele não se sustenta. Continuo dizendo a mesma coisa. Mas enquanto há vida há esperança. Para que existe UTI? É para reanimar o cidadão. Vou repetir algo que disse há dois dias, o governo está na UTI, pelo amor de Deus não racionem o oxigênio porque depois vai morrer e aí não adianta ter oxigênio no tubo porque já passou a hora” – Romero Jucá, senador – PMDB-RR - Folha de S. Paulo, 15-08-2015.
Ponto final
"A foto do encontro de Lula com os cardeais do PMDB está nos jornais. Eu sei que não se deve criminalizar a política — essencial numa democracia. Mas veja a situação a que chegamos. A “salvação da lavoura” está nas mãos dos eternos Renan, Sarney, Jader, Jucá e outros. “Pai Nosso que estais no céu/Santificado seja vosso nome/Venha a nós o vosso reino...” - Ancelmo Gois, jornalista - O Globo, 14-08-2015.
Barbárie
"Um país onde 52 mil pessoas morrem por crime violento é, me desculpem, estado de barbárie. Mas é só falta de polícia? Não é" – José Mariano Beltrame, secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro – revista Trip, 10-08-2015.
Gueto
“A sociedade ainda tem um olhar marginal para a favela. O Estado brasileiro não tem uma agenda para a favela. A preferência nossa foi ir a regiões em que as pessoas eram segregadas havia 40 anos. Tem de haver uma agenda concreta. Isso eu não vejo acontecer. A sociedade quer a favela para ter cozinheira, faxineira e lavadeira. Enquanto olharem a favela como gueto, as coisas serão difíceis. Quem abandonou as pessoas lá e só se lembra delas em tempo de campanha eleitoral não foi a segurança pública” – José Mariano Beltrame, secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro – revista Trip, 10-08-2015.
Vidigal
“A sociedade se fechou. Talvez não tenha sabido optar por pessoas que fizessem políticas contrárias ao que temos aí. Comprou carro blindado e deixou que as coisas acontecessem. Não consigo entender como chegamos a esse ponto. Não é possível a pessoa morar no metro quadrado mais caro do país e ficar ali tomando uísque vendo o Vidigal crescer e não tomar atitude” – José Mariano Beltrame, secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro – revista Trip, 10-08-2015.
De casa nova
"Marta Suplicy selou nesta sexta-feira com Michel Temer sua filiação ao PMDB. A conversa decisiva ocorreu no escritório do vice-presidente em São Paulo. O anúncio oficial só será feito depois que a senadora fizer uma rodada de conversas com vereadores, deputados e dirigentes da sigla -mera formalidade para evitar que o ingresso seja visto como imposição. Marta aceitou disputar convenção ou prévias para confirmar sua candidatura à Prefeitura da capital em 2016" - Vera Magalhães, jornalista - Folha de S. Paulo, 15-08-2015.
Cala a boca já morreu
"Em novembro de 2004, Lula demitiu Carlos Lessa da presidência do BNDES. E mais: o governo quebrou uma regra. Não houve cerimônia de passagem do cargo, para impedir a fala do professor. Onze anos depois, Lessa, aos 79 de idade, pretende, na CPI do BNDES, finalmente, dizer o que estava entalado em sua garganta" - Ancelmo Gois, jornalista - O Globo, 14-08-2015.
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As manifestações de ontem. Reações. em 'Frases do dia' - Instituto Humanitas Unisinos - IHU