18 Junho 2015
Além do cardeal Peter Turkson, presidente do Pontifício Conselho Justiça e Paz, do Metropolita de Pérgamo, John Zizioulas (representando Bartolomeu I de Constantinopla), e da doutora Carolyn Woo, CEO e presidente do Catholic Relief Services, quem irá apresentar a encíclica sobre o cuidado da casa comum, nesta quinta-feira, na Aula Nova do Sínodo, será também o professor John Schellnhuber.
A reportagem é de Matteo Matzuzzi, publicada no jornal Il Foglio, 17-06-2015. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Trata-se de uma autoridade mundial na questão dos gelos que derretem, dos anticiclones dos Açores e dos buracos de ozônio que fazem desaparecer os icebergs do Ártico.
Fundador e diretor do Potsdam Institute for Climate Impact Research, ele é considerado um dos cientistas mais determinados e combativos sobre a questão do aquecimento global causado pelo homem.
Ele subiu às honras das crônicas em 2009, às margens da conferência (fracassada) de Copenhague sobre o clima, quando observou que "o aquecimento global, de maneira realmente cínica, é um triunfo para a ciência, porque, ao menos, pudemos estabelecer alguma coisa, ou seja, que as estimativas para que o planeta possa se manter em equilíbrio exigem uma população inferior a um bilhão de pessoas".
Não se sabe que Schellnhuber pensa dos outros seis bilhões, mas, a partir de então, todas as vezes que ele participava de um congresso, a acolhida era garantida por um manifesto que continha a inscrição "a vida é sagrada".
Um conceito, pleiteado pelo professor, que foi imediatamente detectado pelo New York Times, que dedicou às teses de Schellnhuber um longo artigo em que relatava as suas propostas, que ele levava à atenção da chanceler Angela Merkel, de quem era conselheiro.
Defensor das teorias mais catastróficas em matéria ambiental – que, no esboço não definitivo divulgado na segunda-feira pela revista L'Espresso parecem ser compartilhadas pelo próprio pontífice –, é sua a teoria chamada de "objetivo de dois graus".
Essencialmente, observava o fundador do Potsdam Institute, os governos não devem permitir que a temperatura seja mais alta do que dois graus em relação à que havia no início da revolução industrial. Se isso acontecer, será o desastre: "Muitas vidas sobre a Terra poderiam perecer ou ficar seriamente desvalidas".
Schellnhuber é um grande defensor do catastrofismo em matéria climática: há 11 anos, alguns dos seus estudos previam, em meio século, chuvas monçônicas sobre Londres, a transformação do Tâmisa em um esgoto repleto de cerca de 600 mil toneladas de detritos orgânicos, a transformação de meio Yorkshire em uma espécie de Holanda ultramarina.
Um pouco como se via no filme Alta tensão, que o Canale 5 transmitia há alguns anos todas as noites de terça-feira, entre julho e agosto, com Nova York submersa pela água ou hibernada nas geleiras, com as pradarias do meio-oeste estupradas pelos furacões do Armageddon e por terremotos devastadores.
Há muito tempo, a sua equipe trabalha em conjunto com a Pontifícia Academia das Ciências, com a qual, em 2011, ele apresentou um denso relatório sobre o "Destino das geleiras de montanha no Antropoceno". Dado o teor do texto (assinado, dentre outros, por Carlo Rubbia, o único italiano), o porta-voz da Santa Sé, padre Federico Lombardi, foi obrigado a intervir: embora sublinhando a importância do documento, ele salientou que ele refletia "apenas as conclusões dos cientistas independentes que o redigiram".
Bento XVI, na Caritas in veritate, desejava a "presença de uma verdadeira autoridade política mundial", que deveria "estar orientada à realização do bem comum, comprometer-se na realização de um autêntico desenvolvimento humano integral inspirado nos valores da caridade na verdade".
Schellnhuber incorpora o conceito, mas vai além, invocando uma "Constituição da Terra", chamada a "ir além da Carta das Nações Unidas", a fim de "criar um conselho global eleito por todos os povos da terra e um tribunal planetário, um corpo legal transnacional aberto ao recurso de cada um, especialmente em relação às violações da Constituição da Terra".
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Quem é o leigo ''catastrofista'' que apresentará a encíclica verde do papa - Instituto Humanitas Unisinos - IHU