05 Junho 2015
“Estou ouvindo hoje as mesmas demandas e reclamações que ouvi há 10 anos atrás dos povos que vivem à beira do Rio São Francisco. São as mesmas reclamações, mas pioradas”, declarou o ambientalista e jornalista Henrique Cortez durante o seminário sobre análise de conjuntura da bacia do Rio São Francisco, no IV Encontro Popular da Bacia, nesta sexta-feira, 29 de maio.
A reportagem foi publicada pela Articulação Popular pela Revitalização da Bacia do São Francisco e republicada pelo Portal EcoDebate, 02-06-2015.
Para Henrique, o que acontece atualmente não é novidade, porque as comunidades têm lutado durante anos pelos seus direitos e não são ouvidas pelos órgãos governamentais. “A contribuição técnica da sociedade civil é desprezada. Os planos não ouvem a população”, disse.
O ambientalista apontou exemplos de lutas como as experiências de Sobradinho e Belo Monte, com a desapropriação de terras de diversas comunidades, e também as lutas contra a Transposição do Rio São Francisco.
“Quantas vezes os compromissos foram traídos durante a história da transposição? Hoje nós estamos enxugando gelo. Gastamos dias e parte das nossas vidas em uma luta que está cada dia mais difícil de vencer”, afirmou.
Foto: Portal EcoDebate
Cortez compartilha angústias e ansiedades das comunidades quanto à continuidade da luta e afirmou não conseguir pensar em uma proposta de solução. Para ele, as propostas devem ser construídas no coletivo, como tem sido feito. No entanto, apontou como uma opção discutir o sistema para poder enfrenta-lo:
“Podemos continuar olhando pro nosso campo e lutar pelo que for possível, sabendo que há outros povos que também lutam pelas suas causas, mas não adianta ficar discutindo o que quer que seja, sem discutir o modelo desenvolvimentista a qualquer custo, que é um projeto de desenvolvimento do capital”.
Ele apontou duas alternativas: recuar, reconhecendo as derrotas e refazer todo o caminho para não bater no muro ou derrubar este muro.
Henrique encerrou sua fala dizendo que conhece os problemas enfrentados pelas comunidades e reconhecendo a incapacidade da mídia independente de atingir e cativar toda a população.
“O poder da grande mídia é forte, mas existe uma mídia independente que ninguém lê. A informação é fundamental, mas onde eu vou buscar esta informação é um ato político. A grande mídia tem o poder que tem porque o povo não contribui para a força da mídia independente”, disse.
O IV Encontro Popular da Bacia do São Francisco foi organizado pela Articulação Popular São Francisco Vivo e aconteceu no Centro de Treinamento de Líderes, em Bom Jesus da Lapa-BA.
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Ambientalista Henrique Cortez faz análise de conjuntura da bacia do Rio São Francisco - Instituto Humanitas Unisinos - IHU