Por: André | 01 Junho 2015
Uma fé autêntica, capaz de perdoar e aberta ao próximo. Pelo contrário, Jesus condena “o egoísmo espiritual” e a redução da religião a mero “negócio”. Devem ter cuidado todos aqueles que utilizam “as coisas de Deus para o próprio proveito”. Foi o que disse o Papa Francisco na manhã da sexta-feira 29 de maio na homilia da missa matutina na capela da Casa Santa Marta, segundo indicou a Rádio Vaticano.
A reportagem é de Mauro Pianta e publicada por Vatican Insider, 29-05-2015. A tradução é de André Langer.
O Evangelho do dia propõe “três modos de viver” nas imagens da figueira que não dá frutos, nos mercadores do Templo e no homem de fé, disse Francisco.
“A figueira – afirmou o Papa – representa a esterilidade, ou seja, uma vida estéril, incapaz de dar qualquer coisa. Uma vida que não frutifica, incapaz de fazer o bem”.
“Vive para si: tranquila, egoísta, não quer problemas – prosseguiu. E Jesus maldiz a figueira porque é estéril, porque não fez nada para ajudar, que vive sempre para si mesma, para que não lhe falte nada. No fim, essas pessoas se tornam neuróticas, todas elas! Jesus condena a esterilidade espiritual, o egoísmo espiritual. ‘Eu vivo para mim, que a mim nada falte e os outros que se virem!’”
A outra forma de viver, explicou o Papa, “é a daqueles exploradores, dos negociantes no Templo. O Papa explicou que esses exploram até mesmo o lugar sagrado de Deus para fazer negócios: trocam moedas, vendem os animais para os sacrifícios, têm até um sindicato para defendê-los. Isso não somente era tolerado, mas permitido pelos sacerdotes do Templo”. São “aqueles que fazem da religião um negócio”, afirmou Francisco.
Na Bíblia, recordou o Pontífice argentino, está a história dos filhos de um sacerdote que “obrigavam as pessoas a darem ofertas e ganhavam em cima disso, também dos pobres. E Jesus não economiza nas palavras: ‘A minha casa será chamada casa de oração. Vocês, ao contrário, fizeram dela um covil de ladrões’”.
“O povo peregrinava ao Templo para pedir a bênção do Senhor, fazia um sacrifício: e lá, aquelas pessoas eram exploradas! Os sacerdotes não os ensinavam a rezar, não ministravam catequese… Era um covil de ladrões. Paguem, entrem… Realizavam os rituais vazios, sem piedade. Não sei se nos fará bem pensar se conosco acontece algo do gênero em qualquer lugar. Não sei. Usar as coisas de Deus para o benefício próprio”.
A terceira forma de viver é “a vida de fé”, como indica Jesus: “Tenham fé em Deus. Se alguém disser a esta montanha: ‘ergue-te e lança-te ao mar’, e não duvidar no coração, mas crer que o que diz se realiza, assim lhe acontecerá’. Tudo o pedirem na oração, “peçam-no com fé e acontecerá. Acontecerá exatamente o que pedimos com fé”.
“É o estilo de vida da fé. ‘Pai, o que devo fazer para isso?’ ‘Mas peça-o ao Senhor para que te ajude a realizar coisas boas, mas com fé. Somente uma condição: quando vocês rezarem pedindo isso, se vocês tiverem algo contra alguém, perdoem. É a única condição, para que também o vosso Pai que está nos céus vos perdoe as vossas ofensas’. Este é o terceiro estilo de vida. A fé, a fé para ajudar os demais, para se aproximar de Deus. Esta fé faz milagres”.
O Papa concluiu sua homilia com uma oração: “Peçamos hoje ao Senhor... que nos ensine este estilo de vida de fé e que nos ajude a não cair jamais – nós, a cada um de nós, e a Igreja – na esterilidade e no comércio”.
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“A fé faz milagres, não negócios”, diz Papa Francisco - Instituto Humanitas Unisinos - IHU