14 Abril 2015
Uma reunião não programada no domingo entre um grupo de trabalho da Comissão para a Tutela dos Menores do Vaticano e o seu presidente, o Cardeal Seán O’Malley, sobre a nomeação polêmica de um bispo chileno, foi “muito boa”, disse a sobrevivente irlandesa Marie Collins.
A informação é publicada pelo jornal The Irish Times, 13-04-2015. A tradução é de Isaque Gomes Correa.
Dom Juan Barros Madrid foi instalado como bispo da Diocese de Osorno, Chile, no mês passado em meio fortes protestos. Sobreviventes chilenos o acusam de acobertar os abusos do Pe. Fernando Karadima e também de testemunhar atos de abuso cometidos pelo sacerdote. Em 2011, o Vaticano considerou Karadima culpado de abusar sexualmente de menores.
Marie Collins, única participante irlandesa da Comissão vaticana, Peter Saunders, sobrevivente britânico, Sheila Hollins, psiquiatra londrina, e Catherine Bonnet, também psiquiatra, se reuniram com o Cardeal Seán O’Malley em Roma. O’Malley está na cidade para um encontro do chamado Conselho dos Cardeais (ou C9), que deve contar com a presença do papa.
Em Dublin, na segunda-feira à noite, Marie Collins disse que ela e outros membros da Comissão estavam “muito felizes” com a forma como a reunião havia acontecido. “Pedimos que o Cardeal O’Malley se reunisse com a gente e ele foi muito rápido em responder positivamente”, lembrou ela.
“A nossa principal preocupação era que a nomeação (de Dom Juan Barros) foi feita e que nomeações parecidas também poderão ocorrer no futuro”, disse. A “visão de abuso do novo bispo, a mentalidade que ele tem, poderá ser perigosa para a diocese e, como membros da Comissão, achamos que deveríamos deixar o Papa Francisco ciente disso”, acrescentou Collins.
O’Malley comprometeu-se em levar esta preocupação à atenção do pontífice. Os participantes da Comissão para a Tutela dos Menores ficaram “bastante satisfeitos” com a resposta do cardeal, disse Collins, sobrevivente irlandesa.
“Ainda que não tenhamos a responsabilidade de lidar com casos individuais, a tutela dos menores é a nossa principal preocupação. O processo de nomeação de bispos que estejam comprometidos com a proteção infantil – e que tenham um entendimento sobre o assunto – é de suma importância.
“À luz do fato de que os abusos sexuais são bem comuns, a capacidade de um bispo em implementar políticas eficazes, e de monitorar atentamente o cumprimento delas, é algo essencial. O Cardeal O’Malley concordou em apresentar as nossas preocupações ao Santo Padre”, disse ela.
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Reunião no Vaticano sobre polêmico bispo chileno foi “muito boa”, afirma sobrevivente de abusos sexuais - Instituto Humanitas Unisinos - IHU