Por: André | 27 Março 2015
“Sempre quis visitar os Museus Vaticanos, mas como, se não tinha dinheiro?” Mauro é um sem teto italiano. Mora nas ruas dos arredores do Vaticano, em companhia de outros “sem teto” poloneses. Com o passar do tempo, conheceu o Esmoleiro do Papa, dom Konrad Krajewski, e envolveu-se em suas iniciativas. Foi um dos que ajudaram a distribuir os Evangelhos de bolso aos fiéis na Praça São Pedro durante o Angelus do Papa Francisco, no domingo passado. Ele frequenta os sanitários inaugurados sob a colunata de Bernini na Praça, além dos chuveiros e da barbearia. Na quarta-feira à noite, por volta das 20h, o arcebispo polonês foi até o local em que Mauro e outros sem teto dormem para convidá-los para visitar os Museus Vaticanos na tarde desta quinta-feira. No ingresso branco se lê: “Museus Vaticanos – Capela Sistina, quinta-feira, 26 de março de 2015”. Além disso, indica-se a hora e o lugar do encontro.
Fonte: http://bit.ly/1CRQDao |
A reportagem é de Iacopo Scaramuzzi e publicada no sítio Vatican Insider, 26-03-2015. A tradução é de André Langer.
Os 150 visitantes acabavam de chegar à Capela Sistina, em torno das 17h, “quando se aproximou o Santo Padre, acompanhado por um mordomo”, disse o vice-presidente da Sala de Imprensa da Santa Sé, o Pe. Ciro Benedettini. Saudou a cada um e disse-lhes: “Bem-vindos. Esta é a casa de todos, é sua casa. As portas sempre estão abertas para todos”.
São 150 pessoas sem lar que visitaram os museus mais famosos do mundo. “Ele me deu um ingresso e me disse que se não pudesse vir que o desse a alguém outro, mas insistiu para que eu fosse”. Quem disse que a arte é menos importante que um prato quente? “Não sei o que vamos visitar, mas tenho muita curiosidade: sempre há fila na frente dos Museus Vaticanos; os turistas estão muito emocionados”, explicou Mauro.
O encontro para a visita foi marcado para as 15h em frente à entrada do Petriano, ao lado do ex-Santo Ofício. Divididos em três grupos, e cada um encomendado a um guia turístico, os “sem teto” entraram com o ingresso vistoriado pela Guarda Suíça e com um fone de ouvido para acompanhar as explicações. Acompanhava-os um jovem padre polonês.
“Antes de chegar aos Museus – escreveu o L’Osservatore Romano – os grupos poderão desfrutar de um percurso privilegiado dentro do Estado, passando em frente à Casa Santa Marta”, onde mora o Papa Francisco. “Depois prosseguirão por trás da abóboda da Basílica de São Pedro, atravessarão a Praça Zecca, a rua dos Jardins e o Pórtico de Gregório”. A primeira seção dos Museus que visitarão é a que acaba de ser reestruturada do Pavilhão das Carruagens, depois subirão às salas dos Candelabros e dos Mapas Geográficos, até chegar à Capela Sistina. A obra-prima de Miguelangelo será um espetáculo reservado exclusivamente aos hóspedes da Esmolaria, pois, para a ocasião, antecipou-se o fechamento ao público em geral (a última entrada foi às 16h).
A visita terminou aproximadamente às 19h. Mas antes houve uma oração comum que concluiu a visita. Em seguida, todo o grupo se dirigiu à cafeteria dos Museus Vaticanos para jantar. E Pino (foto), sem teto da Sardenha, esperava justamente ver “o que acontece no convento”.
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Visita guiada aos Museus Vaticanos para 150 sem teto - Instituto Humanitas Unisinos - IHU