Por: André | 25 Março 2015
“Na essência do agronegócioe de sua visão meramente produtivista nunca estará a cultura camponesa, o respeito à Pacha Mama, o enraizamento na terra e nenhum dos valores do mundo rural”, denuncia uma nota da Frente de Luta pela Soberania Alimentar Argentina (FLSAA). E anunciam: “Não queremos um ‘mar de soja’ e ‘cinturões verdes’ em volta das cidades”.
Fonte: http://bit.ly/1FKfXzM |
A nota está publicada no sítio argentino Acta – Agencia de Notícias da Central de Trabalhadores da Argentina, 20-03-2015. A tradução é de André Langer.
Eis o texto.
Nós, da Frente de Luta pela Soberania Alimentar Argentina (FLSAA), somos veementemente contrários às ações e falsas promessas feitas pela Secretaria da Agricultura Familiar através da “Mesa Nacional de Diálogo por uma Agricultura Sustentável”.
Esta mesa é constituída por representantes do Estado, da Igreja, do agronegócio e de algumas organizações camponesas que, juntas, promovem a chamada “coexistência” ou a “convivência” entre a exploração agrícola pecuária vinculada às corporações e à agricultura camponesa.
Em troca, estão pedindo uma exígua porcentagem que provém do “extrativismo” da soja que seria destinado àqueles que a Secretaria da Agricultura Familiar “considerar” correspondente. Receber dádivas deste modelo ecocida imperante é uma claudicação por parte dos altos dirigentes camponeses que legitimam o agronegócio e, consequentemente, promovem a dependência da agricultura camponesa.
Além de ser absolutamente incompatível por questões ecológicas e técnicas o é também por questões filosóficas. Na essência do agronegócio e de sua visão meramente produtivista nunca estará a cultura camponesa, o respeito à Pacha Mama, o enraizamento na terra e nenhum dos valores do mundo rural. Sob a forma enganosa de “desenvolvimento”, instituições como o Banco Mundial, o FMI e a OMC impuseram a “revolução verde” há várias décadas. Agora, com o aval do Estado e da Pastoral Social da Igreja, empresários da soja pretendem destruir um modo de vida contrário aos seus interesses. Para alcançar seu objetivo devem avançar na conquista não apenas dos territórios, mas também dos saberes, dos costumes, dos conhecimentos e ideias que mantêm, por sua diversidade, a riqueza característica dos povos.
No Cone Sul encontra-se um terço da superfície semeada com transgênicos em nível mundial. Em nosso território há mais de 20 milhões de hectares de cultivos transgênicos que utilizam toneladas de agrotóxicos que chegam diariamente às nossas mesas com os alimentos; e o Plano Estratégico Agroalimentar e Agroindustrial 2020, proposto pelo Governo Federal, requer o aprofundamento desta realidade.
Não queremos um “mar de soja” e “cinturões verdes” em volta das cidades.
Não queremos ser cúmplices do saque ambiental e da desídia de quem, em nome do “progresso”, está esgotando os nossos solos, a nossa biodiversidade e a nossa essência enquanto povo e, por isso, lutamos por nossa soberania alimentar. Estas são algumas das razões pelas quais dizemos não à coexistência com o agronegócio!
Frente de Luta pela Soberania Alimentar Argentina (FLSAA)
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Não à coexistência com o agronegócio - Instituto Humanitas Unisinos - IHU