16 Março 2015
Em um painel de alto nível sobre a mudança climática e os direitos humanos realizado nas Nações Unidas em Genebra, Suíça, o secretário-geral do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), Dr. Olav Fykse Tveit, disse que, apesar de todas as condições negativas, "temos o direito de ter esperança"- não como uma questão de espera passiva, mas como um processo ativo na busca de justiça e de paz, em que os direitos humanos devem desempenhar um papel fundamental.
A reportagem foi publicada no sítio em inglês do Conselho Mundial de Igrejas, 11-03-2015. A tradução é de Claudia Sbardelotto.
O painel realizado no dia 6 de março foi parte de uma discussão de um dia sobre a mudança climática na 28ª Sessão do Conselho de Direitos Humanos.
"Os dados sobre a mudança climática permitem-nos saber como fato o que já acreditávamos em nossas diferentes religiões que veem o mundo como "criação" - fazendo-nos responsáveis pelo modo como nós o cuidamos", disse Tveit.
"Estamos juntos neste planeta azul como uma humanidade. Nossas ações têm um impacto positivo ou negativo nas condições básicas da vida das pessoas - de todos. Portanto, temos que ver isso na perspectiva dos direitos humanos universais", acrescentou.
O secretário-geral do CMI mencionou suas visitas aos membros do conselho na África, Ásia, América Latina, no Pacífico, assim como em países próximos ao Ártico. "Eu percebi que para muitas comunidades a mudança climática é uma ameaça terrível. Elas estão sofrendo algumas das suas consequências: a ascensão do nível do mar e a salinização da água doce, o aumento da frequência e intensidade das tempestades tropicais, a alteração do regime de chuvas, secas e inundações e mudanças de temperatura que têm impacto direto sobre a sua segurança alimentar e soberania", disse Tveit.
Tveit também lembrou das palavras do Patriarca Ecumênico Bartolomeu de Constantinopla, quando ele disse: "Não podemos separar a nossa preocupação com a dignidade humana, os direitos humanos ou a justiça social da preocupação com a preservação ecológica e a sustentabilidade". O Patriarca Ecumênico fez esse comentário durante sua visita à Guiuan, nas Filipinas, a convite do presidente francês, François Hollande, para expressar solidariedade para com as vítimas dos tufões e para pedir a devida preparação para a próxima Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-21), em Paris.
Embora o foco do secretário-geral do CMI ter sido no "direito de ter esperança", ele também reafirmou o apelo para a criação de um relatório especial sobre a mudança climática e os direitos humanos. Ele afirmou que as resoluções do Conselho de Direitos Humanos destacaram os efeitos das mudanças climáticas sobre os direitos humanos e titulares de mandatos especiais relataram sobre a mudança climática em relação ao direito à alimentação, direito à água e saneamento, os direitos dos povos indígenas e migração.
Os dois painéis organizados sobre a mudança climática e os direitos humanos foram abertos com uma mensagem de vídeo do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que destacou as ameaças das mudanças climáticas, especialmente para as comunidades mais vulneráveis. "Chegou a hora da ação climática", disse Ban Ki-moon.
Entre os palestrantes no painel estava o presidente de Kiribati [Oceania], Anote Tong, que sublinhou que deve ser assegurada a "migração com dignidade". Ele disse que as "ilhas do Pacífico em breve estarão embaixo d'água, a menos que façamos algo significativo. Precisamos perceber que muitos dos nossos povos migrarão".
Mary Robinson, enviada especial das Nações Unidas sobre Mudança Climática e ex-presidente da Irlanda, destacou o acordo sobre Direitos Humanos e Ação Climática, aprovado no mês passado, em Genebra, e já assinado por 20 países.
O primeiro-ministro, Enele Sopoaga, de Tuvalu, defendeu fortemente a soberania dos estados afetados pela mudança climática.
Um dos painéis foi moderado pelo Prof. John Knox, perito independente das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Direitos Humanos, que recordou a declaração assinada por especialistas da ONU, que pede a integração dos direitos humanos nas negociações da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima.
O CMI também co-organizou um evento paralelo no mesmo dia em que o Grupo sobre Mudança Climática de Genebra (GeCCco) e o Fórum Inter-religioso sobre a Mudança Climática e os Direitos Humanos, além de outras organizações não-governamentais avaliaram as alterações climáticas no Conselho de Direitos Humanos, sugerindo maneiras de avançar com as negociações.
Nota:
1. Para ler o texto completo da apresentação do secretário-geral do Conselho Mundial de Igrejas, clique aqui.
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Secretário geral do Conselho Mundial de Igrejas destaca ''direito de ter esperança'' em painel sobre mudanças climáticas e direitos humanos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU