Por: Jonas | 13 Março 2015
O escritório de comércio dos Estados Unidos tenta responsabilizar a presidente argentina, Cristina Fernández, de supostas atividades de pirataria e contrabando do mercado informal de “La Salada”, em um relatório anual de propriedade intelectual de países, mencionando a “tolerância” das autoridades em relação à “pirataria”, dado que os representantes desse mercado “acompanham a presidente em viagens comerciais para o exterior do país”.
A reportagem é publicada por Rebelión, 12-03-2015. A tradução é do Cepat.
O relatório cita notícias sobre a presença de “representantes do mercado de ‘La Salada’ (um dos maiores da América Latina) em missões comerciais da Presidenta da Argentina ao exterior”.
Assim como acontece todos os anos, o relatório cita todos os países e no caso da Argentina questionou, em duros termos, a “ausência de vontade política” do governo argentino para combater os produtos elaborados sem licença oficial do fabricante.
O relatório aponta a presença de representantes do mercado informal na delegação que acompanhou a Presidente na missão comercial a Angola, há três anos, em maio de 2012. A viagem foi organizada pelo então secretário de Comércio Interior, Guillermo Moreno, e incluiu o chanceler Héctor Timerman.
O documento foi elaborado pelo escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos (USTR, por suas siglas em inglês) e faz parte da revisão que é elaborada todos os anos para inclui-la como questão na relação bilateral entre governos.
O escritório “certificador” dos países que se arrogam ao direito de avaliar o resto do Mundo em matéria de propriedade intelectual, está sob a responsabilidade de Michael Froman, ex-assessor pessoal do presidente Barack Obama em questões de economia internacional.
Segundo Froman, “La Salada continua operando como o maior mercado negro da América Latina”. “Ali se comercializa abertamente produtos pirateados ou de contrabando, porque o controle tem sido escasso e intermitente, e isso no melhor dos casos”, continua.
“Apesar dos convites dos Estados Unidos e da União Europeia (UE) para abordar o problema do contrabando e da pirataria, o governo da Argentina parece tolerar essa comercialização” no centro informal, localizado a poucas quadras da Capital Federal, em Lomas de Zamora.
O relatório também questiona o sistema de venda on-line inaugurado pelo mercado, onde são anunciadas ofertas e promoções especiais.
Além de ‘La Salada’, o relatório menciona o site Cuevana, pelo qual é possível comprar filmes e produtos dessa espécie em prejuízo daqueles, na indústria, que possuem os direitos de comercialização desses conteúdos.
“Os titulares dos direitos de propriedade iniciaram ações contra o site, mas seus esforços permanecem paralisados há mais de quatro anos, deixando-os sem recursos efetivos”, argumentou.
Como vem ocorrendo há anos, desde o governo de George Bush filho – que quase bombardeou a Tríplice Fronteira após o 11-S por atividades terroristas islâmicas –, o texto também inclui a região tripartite entre Argentina, Paraguai e Brasil como um epicentro da pirataria e do contrabando.
As reivindicações por direitos de propriedade intelectual são matéria permanente na relação diplomática com os Estados Unidos. “O comércio é a cara da diplomacia”, costumam destacar diretores da Secretaria de Estado.
A inclusão de ‘La Salada’ responde ao critério de apresentar casos que geram preocupação internacional para além de Washington e que, por sua vez, a atividade represente um “prejuízo desleal” para a indústria norte-americana.
No entanto, vários especialistas denunciaram que as próprias empresas norte-americanas fomentam a pirataria para promover seus produtos e vendê-los em mercados de consumo massivo a baixos preços, como ‘La Salada’ em Buenos Aires.
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Governo dos Estados Unidos tenta acusar presidente argentina de proteger a “pirataria” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU