Por: Jonas | 13 Fevereiro 2015
A batalha entre o novo governo grego autiausteridade e seus credores da União Europeia (UE) teve um início combativo, ontem à noite, quando o ministro das Finanças da Grécia, Yanis Varoufakis, chegou a Bruxelas diante de um coro de solicitações para que o país cumpra seu programa de resgate.
Fonte: http://goo.gl/VVYYPi |
A reportagem é de Charlotte McDonald-Gibson, publicada por Página/12, 12-02-2015. A tradução é do Cepat.
Desde a vitória do partido de extrema esquerda Syriza, nas eleições do mês passado, as duas partes examinaram exaustivamente a renegociação do plano de resgate da Grécia, de 240 bilhões de euros, que Atenas quer desmantelar. A Alemanha, em especial - principal porta-voz das medidas de austeridade da Europa -, rejeitou as sugestões de que a Grécia possa renegar alguma parte de sua dívida.
Ontem, Varoufakis apresentou pedidos do país aos outros 18 ministros das Finanças da Zona do Euro, antes da data limite de 28 de fevereiro, quando expira o atual programa de resgate da Grécia. Acredita-se que os pedidos incluem empréstimos-ponte e um período de carência de uns seis meses para que a Grécia possa continuar tendo acesso aos mercados, já que negocia um novo acordo com seus credores.
Quer que eliminem algumas das medidas de austeridade vinculadas a seu resgate, ao passo que ontem, em uma entrevista à revista alemã Stern, Varoufakis também sugeriu um cancelamento, partindo do princípio de que “se a dívida não pode ser paga, então isso leva a um corte (um quinto)”. Estava com os lábios apertados quando chegou a Bruxelas, ontem à noite, para manter conversas com os outros ministros da Zona do Euro, os diretores do Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Central Europeu (BCE), e apenas disse que confiava “em uma reunião produtiva” e que queria que a Grécia permanecesse na Zona do Euro.
Outros ministros das Finanças da Zona do Euro e auxiliares deixaram claro que o único ponto para o início das conversas era que se cumprisse o programa de resgate existente, acordado com o FMI, BCE e UE, conhecidos coletivamente como a troika. “Precisamos que o governo grego compreenda que os compromissos devem ser respeitados”, disse Pierre Moscovici, comissário da economia da UE. “Este programa é a referência, o âncora, a base sobre a qual trabalhamos”.
O ministro das Finanças da Alemanha, Wolfgang Schäuble, disse que o programa existente “tem que ser executado, ou não há um programa”. No entanto, a Grécia disse que não se pode estender um acordo com o qual não está fundamentalmente de acordo, e pediu o fim da troika em seu formato atual.
Em Atenas, milhares de gregos saíram ontem às ruas para apoiar o seu novo governo antiausteridade. De pé, em frente ao Parlamento, os manifestantes levantaram cartazes que diziam “Quebrados, mas livres” e “Basta de austeridade, apoie a Grécia, mudem a Europa”. Também houve manifestações nas principais praças de Creta, Patras, Lâmia, Volos Kastoria, Klymnos, Lesbos e na ilha de Siros, entre outras.
O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, tuitou uma foto do protesto de Atenas, dizendo: “Nas cidades da Grécia e Europa, o povo está enfrentando a batalha da negociação. Eles são nossa força”. O relógio não para: o atual programa de resgate da Grécia termina no final de fevereiro. Caso não consiga um novo acordo, a última parte do dinheiro de seu resgate será retida, o acesso aos mercados cortado e o país não poderá pagar suas dívidas: o primeiro passo para uma saída do euro.
Todas as partes insistiram que a Grécia deve permanecer na Zona do Euro, o que parece ser a única área de terreno comum. Dada a lacuna existente, esperava-se que a discussão de ontem à noite fosse um ponto de partida, um acordo até a outra reunião de ministros das Finanças da zona do euro, na segunda-feira. “Esta noite diz respeito à política. O sentido nobre da arte da política é se entender entre si e entrar em um processo de trabalho”, disse ontem Moscovici.
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A dura negociação da dívida grega - Instituto Humanitas Unisinos - IHU