09 Fevereiro 2015
O arcebispo de San Francisco, nos Estados Unidos, gerou polêmica ao exigir que professores de escolas católicas vivam suas vidas pública e profissional de forma coerente com os ensinamentos da Igreja no que diz respeito à homossexualidade, casamento homossexual, aborto, controle de natalidade e outros comportamentos que ele descreve como maléficos.
A reportagem foi publicada pelo jornal The Guardian, 06-02-2015. A tradução é de Claudia Sbardelotto.
O arcebispo Salvatore Cordileone planeja incluir um texto nos manuais do corpo docente do próximo ano em quatro escolas de ensino médio de propriedade e operadas pela arquidiocese. O documento afirma que todos os administradores, professores e funcionários, inclusive os não-católicos, serão obrigado a abster-se de dizer ou fazer qualquer coisa publicamente que contradiga a doutrina da Igreja.
Isso levou a críticas internas por parte da comunidade escolar e entre ativistas dos direitos dos homossexuais.
"As novas 'cláusulas morais' propostas ... pelo arcebispo Salvatore Cordileone contrastam grandemente com a mensagem de inclusão que está sendo promovida pelo Papa Francisco", disse Lisbeth Melendez Rivera, diretora do programa de religião e fé da Fundação de Direitos Humanos.
Cordileone salientou que os acréscimos nos manuais tinham a intenção de proporcionar maior clareza aos professores e não visar ninguém à demissão.
"A intenção não é, certamente, intrometer-se na vida privada dos professores. Nós certamente não vamos fazer isso. As pessoas têm o direito de ter suas vidas privadas, mas os professores também precisam respeitar a missão da escola na forma como eles vivem suas vidas públicas", disse o arcebispo através de vídeo publicado no Youtube quando os diretores das escolas apresentaram as alterações aos professores na terça-feira.
As quatro escolas, Archbishop Riordan e Sacred Heart Cathedral Prep em San Francisco, Marin Catholic em Kentfield, e Junipero Serra no condado de San Mateo, têm cerca de 3.600 alunos e estão entre as poucas escolas católicas do país com os professores representados por um sindicato.
O presidente da Federação Arquidiocesana de Professores, Lisa Dole, professora de estudos sociais na Marin Catholic, disse que os membros do sindicato ainda estavam digerindo a declaração de Cordileone e esperava ter uma melhor noção do que isso significa para os professores na sexta-feira, quando o arcebispo responderá perguntas em uma reunião de professores e funcionários.
"Estamos satisfeitos que o documento reconhece que os professores de nossa escola não são todos iguais, assim como muitos católicos ao redor do mundo que lutam com a sua adesão a alguns dos ensinamentos da Igreja", disseram os líderes sindicais através de um comunicado.
"No entanto, ainda existem preocupações com a linguagem proposta e algumas questões-chave que o sindicato e o arcebispo estão esperançosos de que seremos capazes de solucionar".
Os bispos católicos de Cincinnati, Cleveland, Honolulu e Oakland, Califórnia, despertaram preocupação dentro de suas dioceses no ano passado, quando adicionaram cláusulas nos contratos de trabalho do magistério listando os comportamentos esperados por parte dos professores a serem contratados.
Já que as escolas sob seu controle direto são sindicalizadas, Cordileone não tem essa capacidade. Mas ele propôs que o contrato a ser negociado identifique todos os funcionários das escolas como ministros da Igreja, uma mudança que, segundo grupos de direitos gays, iria colocar professores que não estiverem de acordo com as crenças do manual em risco de demissão.
A Suprema Corte dos Estados Unidos isentou Igrejas e escolas confessionais de ter que respeitar as leis federais anti-discriminação para os trabalhadores em "funções ministeriais".
Os moradores de San Francisco, normalmente liberais, enxergam Cordileone com desconfiança antes mesmo de sua instalação como arcebispo em outubro de 2012. Como bispo auxiliar de San Diego, ele ajudou a liderar a passagem de uma emenda constitucional estadual, em 2008, pela proibição do casamento homossexual na Califórnia. Desde 2011, ele preside uma subcomissão da Conferência de Bispos Católicos dos EUA que trabalha contra o casamento de pessoas do mesmo sexo em todo o país.
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Arcebispo de San Francisco cria polêmica com regras para professores sobre homossexualidade e aborto - Instituto Humanitas Unisinos - IHU