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03 Dezembro 2014

"A política a ser implementada pelo governo é dificilmente distinguível do que seria um governo tucano ou marinista. Ao contrário, caso o governo "dê errado", então Dilma terá mostrado como nem na base do transformismo brutal o consórcio governista consegue ainda ficar de pé", escreve Vladimir Safatle, professor de Filosofia, em artigo publicado pelo jornal Folha de São Paulo, 02-12-2014.

Segundo ele, "esse é apenas um sintoma clássico de esgotamento de ciclo político. Em várias partes do mundo, vemos a mesma história envolvendo partidos que vieram da esquerda".

Eis o artigo.

Dilma conseguiu criar uma situação politicamente inusitada. A confirmar as previsões, seu ministério será um dos mais conservadores desde o fim do governo Collor.

Caso seu governo "dê certo", ela terá provado quanto seu partido é atualmente desnecessário, já que foi simplesmente alijado da política econômica, assim como das políticas industrial e agrícola, limitando-se a ser um gestor das relações políticas do Estado e do sistema estatal de cooptação da sociedade civil.

A política a ser implementada é dificilmente distinguível do que seria um governo tucano ou marinista. Ao contrário, caso o governo "dê errado", então Dilma terá mostrado como nem na base do transformismo brutal o consórcio governista consegue ainda ficar de pé.

Esse é apenas um sintoma clássico de esgotamento de ciclo político. Em várias partes do mundo, vemos a mesma história envolvendo partidos que vieram da esquerda.

Na França, o governo do Partido Socialista tem o presidente mais impopular da história da Quinta República a aplicar políticas sociais e econômicas que deixam seus opositores conservadores vermelhos de inveja.

Na Alemanha, os sociais-democratas do SPD acostumaram-se a fazer parte do gabinete de Angela Merkel, sendo nada mais que um aliado meio incômodo com quem, no entanto, é possível governar.

Nos casos francês e alemão, tais partidos de esquerda são apenas "conservadores com um rosto humano", o que - há de se dizer as coisas às claras - é também a situação no Brasil. Esta esquerda não existe mais enquanto tal.

O problema é que nem sempre o que deixou de existir desaparece. Às vezes, ele continua a vagar como zumbi, entre a vida e a morte, à espreita de sangue novo para continuar seu vagar arrastado, melancólico. Vagar de choques recessivos anunciados com olhares depressivos, de "planos de austeridade" vindo do além-túmulo. Deste sangue novo vampirizado, ela não fará nada, a não ser paralisar todo movimento possível e transformar outros corpos em mortos-vivos que vagam junto ao zumbi governamental alimentados pela ilusão narcísica de estarem perto do poder. Sim, meus amigos, preparem-se para a esquerda zumbi.

Enquanto isto, em países que cansaram desse show de horrores, uma vida política reconstruída começa a aparecer.

Olhem para a Espanha do Podemos! e a Grécia do Syriza: dois partidos de uma esquerda renovada que estão atualmente em primeiro lugar em todas as pesquisas.

Pois o que há de pior quando se está diante de um tempo morto é acreditar que todos os tempos são iguais.

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