Por: Jonas | 13 Outubro 2014
O presidente do tribunal “constitucional” do Vaticano, Francesco Coccopalmerio, interveio no Sínodo da Família em favor de permitir a comunhão eucarística para alguns divorciados casados civilmente, a título de exceções pessoais, mas sem mudar a norma geral.
Fonte: http://goo.gl/UOBhLE |
A reportagem é de Juan Vicente Boo, publicada pelo jornal ABC, 10-10-2014. A tradução é do Cepat.
Em uma coletiva de imprensa sobre os trabalhos do Sínodo – iniciado no domingo e que se prolongará até o dia 19 de outubro -, o presidente do Pontifício Conselho de Textos Legislativos apoiou a simplificação e agilização dos processos de nulidade matrimonial, deixando alguns casos muito claros nas mãos do bispo, sem necessidade sequer de um tribunal.
Sobre a permissão da comunhão para algumas pessoas divorciadas casadas civilmente, o cardeal italiano disse que é “a favor da hermenêutica do Papa: manter a doutrina geral, mas ver o caso de cada pessoa, sua situação, suas necessidades, seu sofrimento...”.
Coccopalmerio recordou uma passagem do Evangelho em que Jesus pergunta aos fariseus: “Quem de vocês, se tem um filho ou um boi que cai em um poço, não os retira de imediato, em dia de sábado? E não puderam lhe responder a isto”.
Segundo o principal jurista do Vaticano, “as opções são: não fazer nada e deixar que se afogue, ou atuar e salvar a vida, sem por isso negar a lei de descanso sabático”.
Coccopalmerio revelou ter apresentado ao Sínodo o caso de uma mulher casada civilmente com um homem divorciado, que deseja receber a confissão e a comunhão. O cardeal disse ao Papa e aos 253 participantes: “Esta mulher não pode abandonar o seu marido, nem aos três filhos que tiveram. Eu, o que devo fazer?”.
“Não pode ser uma norma geral”
Sua opinião é a que se pode admitir à comunhão, “em certos casos, certas pessoas. Não pode ser uma norma geral. O caso deverá ser examinado pelo bispo”.
O cardeal Coccopalmerio é o segundo chefe de um departamento do Vaticano que se manifesta em público nesta linha, depois do arcebispo Rino Fisichella, presidente do Pontifício Conselho para a Nova Evangelização. Outros três chefes de dicastério se manifestaram contra: os cardeais Gerhard Ludwig Müller, prefeito da Doutrina da Fé; George Pell, secretário de Economia; e Leo Burke, prefeito do Tribunal da Signatura Apostólica.
O arcebispo Rino Fisichella sustenta que “o matrimônio sofreu um excesso de acentuação canônica e legal, caindo muitas vezes em um legalismo que obscurece a dimensão sacramental. Redescobrir esta última permitiria encontrar soluções distintas, mantendo a doutrina original”.
Segundo Fisichella, “Jesus disse que serão perdoados todos os pecados contra o Filho do Homem; exclui do perdão apenas os pecados contra o Espírito Santo”. Por sua vez, São Paulo, em sua primeira carta aos Coríntios “ordena expulsar da comunidade uma pessoa que vivia em incesto, um pecado gravíssimo. Porém, na segunda carta aos Coríntios, volta sobre o caso e aconselha perdoá-la”.
Em todo caso, este Sínodo Extraordinário sobre a Família – que conta com a presença dos presidentes das 127 conferências episcopais de todo o mundo, os chefes da Cúria vaticana e treze casais entre os especialistas -, é o preâmbulo de um ano de reflexão até o Sínodo Ordinário da Família, em outubro de 2015. Essa assembleia, por sua vez, fará propostas ao Papa, único responsável pela exortação apostólica sobre a família, que provavelmente será publicada em janeiro de 2016.
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O máximo jurista do Vaticano é favorável à comunhão para alguns divorciados casados civilmente - Instituto Humanitas Unisinos - IHU