Comunhão aos divorciados: confronto entre Dom Müller e Dom Forte

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09 Outubro 2014

Começam a saltar as primeiras faíscas no Sínodo. E que faíscas. O prefeito da Congregação da Fé, o cardeal Gerhard Müller, contra o teólogo Bruno Forte, arcebispo de Chieti, protagonistas na tarde dessa terça-feira de uma sessão de perguntas e respostas de dureza inusitada.

A reportagem é de Franca Giansoldati, publicada no jornal Il Messaggero, 08-10-2014. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

O duelo se consumou a golpes de sábias citações e referências doutrinais. Obviamente, tons elegantes, no entanto, ninguém na Aula esperaria uma tensão desse tipo.

O cardeal Müller deixou o auditório de boca aberta. Inflexível, severo, determinado a parar teses erradas. "Isso não pode ser dito." "Isso é errado." "Isso não é verdade." E pensar que o Papa Bergoglio havia recomendado aos padres sinodais de sempre colocarem tudo para fora, de não terem medo de expressar as próprias ideias.

Na Aula Nova do Sínodo, o contraste Müller-Forte ocorreu animando os dois partidos, o conservador, contrário a qualquer retoque doutrinal sobre o matrimônio, e o progressista, favorável, dentre outras coisas, à comunhão aos divorciados em segunda união. Naquela sessão de perguntas e respostas, estava o espelho do Sínodo.

Duelo

Na prática, enfrentaram-se os expoentes de dois partidos opostos. Müller, à frente da facção dos rigoristas, deixou claro que o sacramento do matrimônio não pode ser retocado, que a comunhão não é nem mesmo desejável, que a doutrina não deve seguir a moda. "É verdade que a comunhão é um sacramento reservado aos peregrinos, aos viatorum, mas não pode ser um sacramento daqueles que vivem em situação de pecado."

A tese de Forte desmontou isso ponto por ponto. Segundo o arcebispo, a comunhão não é um "sacramento dos perfeitos, mas daqueles que estão a caminho", e o papa, para agilizar tantas situações, deveria dar aos bispos o poder de anular diretamente alguns tipos de matrimônios. Também no dia anterior, o arcebispo tinha se pronunciado para evidenciar que a doutrina não pode se transformar em uma espécie de "clava que julga", mas sempre deveria manter um "olhar de misericórdia de Deus sobre o homem".

Para Müller, isso não poderia ser aceito, considerando que, sobre esse assunto, ele escreveu recentemente que "a indissolubilidade de um matrimônio válido não é mera doutrina, mas um dogma divino".