24 Setembro 2014
Um grupo de 73 países, 11 governos regionais e mais de mil empresas e investidores manifestaram apoio à ideia de colocar um preço nas emissões de carbono, segundo nota divulgada ontem pelo Banco Mundial. O documento foi divulgado na véspera da Cúpula do Clima, promovida pela Organização das Nações Unidas (ONU) em Nova York.
A reportagem é de Sergio Lamucci, publicada pelo jornal Valor, 23-09-2014.
Na cúpula, que acontece durante todo o dia de hoje, estão previstas as participações de 125 governantes mundiais, incluindo o presidente dos EUA, Barack Obama, e a presidente Dilma Rousseff - cada líder terá quatro minutos para fazer um breve discurso. Para a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, Dilma deve reafirmar em sua participação o compromisso do Brasil de se engajar na solução para a questão do clima para 2015, com o país mantendo a disposição de participar de todas as negociações que envolvam um novo acordo global sobre o tema.
Apesar da grande presença, a reunião foi um pouco esvaziada pelas ausências do presidente Xi Jinping e do primeiro-ministro Narendra Modi, líderes de China e Índia, primeiro e terceiro maiores países emissores de carbono no planeta.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, diz que o objetivo da cúpula em Nova York é impulsionar as negociações climáticas que serão concluídas em dezembro em Paris, em 2015. A meta dos negociadores é chegar a um acordo para conter a emissão de dióxido de carbono e de outros gases responsáveis pelo aquecimento global, de forma que o aumento da temperatura não seja superior a 2º Celsius.
A ministra elogiou a convocação feita por Ban, afirmando que se trata de uma tremenda mobilização política", algo que não se via desde a reunião de Copenhague, em 2009. "Ele fez um chamado político com grande resposta de chefes de Estado e, o que é significativo, com grande pressão da sociedade", disse Izabella. No encontro de hoje, não está previsto o fechamento de um acordo ou um documento final.
Segundo o Banco Mundial, China, Rússia, México, África do Sul e a União Europeia (UE) estão na lista dos que apoiam um preço para as emissões de carbono. O Brasil não consta do documento, mas o Rio de Janeiro aparece entre os municípios ou Estados que apoiam a iniciativa, ao lado de Tóquio e do Estado da Califórnia.
Os 73 países e os 11 governos regionais são responsáveis por 54% das emissões globais de gás estufa, de acordo com o Banco Mundial. Banco do Brasil, Braskem, CPFL Energia, EDP Energias do Brasil, Itaipu, Grupo Abril, Boticário e Copagaz estão entre as empresas que apoiam a ideia. "Ao apoiar um preço para o carbono, líderes do mundo político e empresarial se juntaram para mandar um sinal forte de que querem preparar as suas economias para um planeta mais seguro, limpo e próspero", disse, no comunicado, o presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim. "Governos representando quase metade da população mundial e 52% do PIB global jogaram o seu peso num preço para o carbono como uma solução necessária, ainda que insuficiente, para a mudança climática e um passo no caminho de um crescimento com baixo carbono."
A ausência dos líderes de China e Índia em Nova York hoje sinaliza a dificuldade que os negociadores climáticos terão que se superar para atingir um consenso. A última tentativa de um acordo global, em 2009 em Copenhagen, terminou com uma troca de acusações entre nações ricas e pobres em torno de qual grupo deveria agir primeiro para reduzir as emissões de CO2.
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ONU discute clima e cresce apoio à taxação de emissões - Instituto Humanitas Unisinos - IHU