22 Setembro 2014
Se alguém pedisse ao Papa Francisco para assinalar as suas principais preocupações sociais, ele bem poderia responder dizendo a paz, a harmonia entre as religiões, os mártires cristãos contemporâneos e o serviço aos pobres.
Se esta for a lista, então a rápida visita com 10 horas de duração do pontífice à Albânia neste domingo pode servir como a expressão simbólica perfeita de sua agenda.
A reportagem é de Inés San Martín, publicada por Crux, 21-09-2014. A tradução é de Isaque Gomes Correa.
Francisco veio ao pequeno Estado balcânico para elogiar o seu modelo singular de parceria entre cristãos ortodoxos, muçulmanos e católicos, para lembrar os seus mártires do século XX e para louvar a memória da Madre Teresa, a grande apóstola dos pobres na Índia, ela mesma de etnia albanesa.
“O clima de respeito e confiança mútua entre católicos, ortodoxos e muçulmanos é um presente precioso ao país”, disse Francisco a autoridades locais e líderes religiosos.
Em épocas em que o “espírito religioso autêntico está sendo pervertido e em que as diferenças estão sendo distorcidas e exploradas”, disse ele, as diferenças religiosas “conduzem a conflitos e violência, em vez de serem uma ocasião para o diálogo aberto e respeitoso”.
Esta é a primeira viagem do pontífice a um país europeu.
Com apenas 3 milhões de habitantes, a Albânia oferece um exemplo convincente sobre a coexistência religiosa. Após quatro décadas de um ateísmo imposto via Constituição, o país foi capaz de formar um governo de unidade nacional unindo muçulmanos, cristãos ortodoxos e católicos.
Em agosto, durante o voo de volta da Coreia do Sul, Francisco disse que esta “capacidade de construção a partir das diferenças religiosas” era uma das razões pelas quais gostaria de visitar a Albânia, tendo repetido este pensamento em sua chegada no domingo.
Ao falar ao presidente albanês e a seu gabinete, Francisco sublinhou que a Albânia é a prova de que uma coexistência não é só “desejável, mas possível e real”.
Francisco considerou esta interação um “benefício inestimável para a paz e para o avanço humano harmonioso”.
A Albânia tem uma maioria muçulmana próxima dos 57%, enquanto que os católicos romanos constituem a maior minoria, com 10% e os cristãos ortodoxos contabilizando 7%.
O papa contou aos albaneses saber que eles passaram por muitos sacrifícios, mesmo depois do “período de isolamento e perseguição” durante a era comunista formalmente terminada em 1991, mas disse que a contribuição de todos é o que “melhorou a vida do país em geral”.
“Com certeza, a Madre Teresa juntamente de outros mártires que viveram a fé que tinham estão se alegrando no céu por causa do trabalho de homens e mulheres de boa vontade que contribuíram e contribuem para o florescimento da sociedade civil e da Igreja na Albânia”, falou.
Na Albânia, Francisco falou muitas daquelas coisas que lhe são familiares, incluindo o seu chamado para uma solidariedade global junto aos pobres.
“Juntamente da globalização dos mercados, deve haver também uma globalização correspondente da solidariedade”, declarou. “Junto com o crescimento econômico, deve haver um maior respeito pela criação”.
Tendo em vista o Sínodo dos Bispos sobre a família a ocorrer no próximo mês em Roma, o Papa Francisco também falou sobre a defesa da família.
“Juntamente com os direitos individuais, deve haver direitos garantidos àqueles que são a ponte entre o indivíduo e o Estado, a família sendo a primeira e mais importante de tais instituições”, falou.
O pontífice também pediu aos jovens albaneses para dizerem não à “idolatria do dinheiro, à falsa liberdade do individualismo, ao vício e à violência”.
Na praça Madre Teresa, em Tirana, o pontífice celebrou uma missa para homenagear os 40 mártires albaneses, incluindo Luigj Paliq, padre franciscano assassinado em 1913, e o padre Gjon Gazulli, morto em 1927. Os outros 38 foram assassinados sob a ditadura comunista ateia liderada pelo stalinista Enver Hoxha.
Durante uma pequena viagem no papamóvel, o pontífice foi cumprimentado por milhares de albaneses, muitos dos quais passaram a noite nas ruas à espera de ver o papa.
No decorrer do dia, Francisco encontrou-se com líderes de outras religiões e denominações cristãs, religiosas e religiosas bem como seminaristas, além de crianças que estavam esperando-o num centro local para menores abandonados.
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Albânia captura a agenda do Papa Francisco em miniatura - Instituto Humanitas Unisinos - IHU