11 Agosto 2014
A denúncia do ministro dos Direitos Humanos iraquianos: "Entre as vítimas, mulheres e crianças".
A reportagem é do jornal La Stampa, 10-08-2014. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
O temido massacre chegou. Quinhentos yazidis, a última das minorias étnicas que acabaram no moedor de carne dos jihadistas, foram mortos durante a ofensiva os militantes no norte do Iraque.
"Muitas das vítimas, incluindo mulheres e crianças, foram enterradas vivas", denuncia à Reuters o ministro iraquiano dos Direitos Humanos, Mohammed Shia al-Sudani. "Outras trezentas mulheres foram raptadas e reduzidas à escravidão."
Por outro lado, conseguiram fugir 20 mil das 40 mil pessoas encerradas há dias nas montanhas de Sinjar, sob a ameaça dos jihadistas do Estado Islâmico. Nesse sábado, os combatentes curdos tinham anunciado que haviam aberto um primeiro corredor como rota de fuga.
Enquanto isso, os bombardeios norte-americanos no Iraque continuam. Os ataques destruíram armas e equipamentos do Isis, enquanto duas missões humanitárias foram concluídas para levar socorro para a minoria yazidi. Mas Barack Obama está forçado a admitir que os tempos serão longos: seguirão em frente enquanto for necessário, "o problema não será resolvido em semanas, não há um programa para o fim da missão".
Um povo a ser salvo
A situação mais dramática é a das montanhas de Sinjar, uma cadeia de 20 km não superior a 1.600 metros de altura, mas muito insidiosa. Milhares de pessoas, bloqueadas em altas altitudes, incluindo 20-25 mil crianças, lutam todos os dias por cerca de uma semana contra a falta de comida, água e medicamentos.
Não podem voltar atrás, há os jihadistas do Estado Islâmico que queimaram as suas casas, ocuparam as suas terras, mataram os seus entes queridos. Do outro lado não podem descer, por causa dos perigos das montanhas e a longa estrada a percorrer para Dohuk, primeiro oásis de salvação do Curdistão.
Todos os dias eles olham para cima, à espera de que os cargueiros dos Estados Unidos, "os anjos do céu", garantam a sua sobrevivência.
A estratégia norte-americana
As declarações de Obama foram seguidas em algumas horas a um desafio lançado pelo "Califado" islâmico do Isis diretamente a Washington: "Não sejam covardes, atacando-nos com drones – afirmou um porta-voz do Estado Islâmico, Abu Musa, em uma reportagem de vídeo produzida pela revista Vice –, mandem os seus soldados, aqueles que nós humilhamos no Iraque".
A estratégia norte-americana vai se delineando claramente: proteger a região autônoma do Curdistão, cujos combatentes peshmerga estão na vanguarda da resistência ao avanço jihadista, e fazer com que cheguem as ajudas humanitárias às massas de refugiados em fuga do seu avanço, aos 100 mil cristãos, ao menos, certamente, para os quais o Papa Francisco pediu a todas as paróquias que dedicassem uma "oração especial": "As pessoas que foram privadas de suas casas no Iraque dependem de nós. Convido a todos a rezar e, quem puder, a oferecer uma ajuda concreta". Mas também às dezenas de milhares de yazidis.
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Iraque, o massacre dos yazidis: ''Eles foram enterrados vivos'' - Instituto Humanitas Unisinos - IHU