07 Agosto 2014
O novo projeto do empreendimento que prevê a construção de 12 torres em uma área às margens do Cais José Estelita só será entregue após as eleições. De acordo com Eduardo Fernandes de Moura, sócio da Moura Dubeux Empreendimentos, uma das empresas do consórcio responsável pelo projeto Novo Recife, de R$ 1,5 bilhão, o prazo é necessário para que o grupo possa fazer as adaptações na construção, que enfrenta forte resistência da opinião pública. O prazo também ameniza a pressão durante o período eleitoral sobre o ex-governador e candidato do PSB à Presidência, Eduardo Campos, o mais afetado pelo movimento de manifestantes contrários ao empreendimento - o Ocupa Estelita.
A reportagem é de Renata Batista, publicada pelo jornal Valor, 06-08-2014.
"Estamos estudando as reivindicações dos manifestantes que ocuparam a área, mas não podemos abrir mão do potencial construtivo do projeto inicial. É o que garante a rentabilidade do empreendimento", diz Eduardo Moura, citando os investimentos em áreas públicas previstos no plano de compensação como um dos fatores que oneram o projeto. "Os investimentos em compensações passou de R$ 32 milhões para R$ 65 milhões. Não conseguimos fechar a conta se não trabalharmos com imóveis de alto padrão", diz. Cerca de 42% do terreno serão doados ao município para projetos de urbanização.
Segundo Moura, a verticalidade deve ser mantida, mas as torres podem ser menores do que os 40 andares previstos. O perfil do empreendimento também pode mudar, com mais unidades residenciais e menos comerciais, principalmente escritórios. A verticalidade foi um dos pontos mais questionados pelos ativistas do grupo Direitos Urbanos, pois o terreno de 101 mil metros quadrados - que será revitalizado e que pertencia à Rede Ferroviária Federal (RFF) - fica em frente a uma região histórica do Recife.
"A verticalidade é uma característica de várias capitais do Nordeste, por razões geológicas e culturais. O investimento em fundações é muito alto. Como ninguém compra apartamento virado para o poente, os empreendimentos precisam ser mais altos para serem rentáveis", afirma o empresário, garantindo que existe demanda maior por imóveis residenciais na região. "Já há bastante oferta de unidade comerciais".
Moura prefere não entrar na discussão política sobre o empreendimento, mas garante que o projeto foi discutido com vários governos nos últimos 12 anos, quando PT e PSB se revezaram na prefeitura de Recife. Ele conta que os sócios - que inclui também a Queiroz Galvão Desenvolvimento Imobiliário e a GL Empreendimentos - decidiram acelerar as demolições porque tinham informações de que a área seria invadida por integrantes de movimentos ligados aos sem-teto. Pelo mesmo motivo, o grupo pediu a reintegração de posse, o que acabou culminando em uma ação da Polícia Militar de Pernambuco que deixou mais de 30 feridos.
Nesse momento, todas as demolições estão suspensas. Com a apresentação do novo projeto prevista para depois das eleições, o lançamento comercial só deve ocorrer em 2015.
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Projeto polêmico no Recife fica para depois da campanha eleitoral - Instituto Humanitas Unisinos - IHU