Por: André | 06 Agosto 2014
O filósofo e físico Dominique Lambert é o biógrafo do inventor da teoria do big bang. Ele apresenta aqui um retrato do astrofísico.
A reportagem está publicada no sítio da revista francesa La Vie, 05-08-2014. A tradução é de André Langer.
Fonte: http://bit.ly/1qVLEkD |
Georges Lemaître (foto) nasceu em Charleroi, na Bélgica, em 1894. Estudou em Lovaina e no seminário de Malines. Ordenado padre em 1923, mudou-se para Cambridge (Reino Unido) para estudar astronomia com Eddington. Durante o ano de 1924-1925 entrou para o famoso MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts) e o Observatório de Harvard, nos Estados Unidos.
O padre Lemaître aproveitou sua estadia nos Estados Unidos para visitar os grandes observatórios astronômicos. É lá que ele coleta as informações decisivas sobre o que se chamará, em 1929, de "Lei de Hubble" (as galáxias se afastam umas das outras e que a velocidade de distanciamento é tanto maior quanto maior a distância entre elas). De volta à Bélgica, ele publicou, em 1927, uma explicação da lei de Hubble, introduzindo a ideia de um universo em expansão. Em 1931, ele propôs a "hipótese do átomo primordial", que descreve um universo a partir de uma singularidade inicial. Esta suposição é a fonte da nossa teoria atual do big bang.
Lemaître era um visionário, porque ele introduziu, na década de 1930, praticamente todas as grandes ideias essenciais para entender os melhores dados astronômicos e astrofísicos recentes. Além das ideias da expansão e da singularidade inicial, ele propôs a de uma "radiação cósmica", testemunha dos primeiros instantes do universo, e a da importância da "constante cosmológica" (ligada à "energia negra"), responsável pela aceleração atual do universo. Georges Lemaître também contribuiu de forma significativa para a teoria dos raios cósmicos. Ele era um grande especialista em cálculo sobre máquinas e introduziu e programou, em 1958, o primeiro computador da Universidade de Lovaina.
O padre Lemaître tinha uma vida espiritual muito profunda. Desde a sua ordenação, ele tornou-se membro da Fraternidade Sacerdotal dos Amigos de Jesus, fundada pelo cardeal Mercier, em que os sacerdotes pronunciadas, especialmente, um voto de pobreza, comprometendo-se a fazer uma hora de adoração depois da missa diária e a participar de um retiro anual de dez dias.
Georges Lemaître não misturada ciência e fé. Ele dizia seguir "dois caminhos para a verdade", duas vias essenciais e complementares. Em 1960, ele foi nomeado pelo Papa João XXIII, presidente da Pontifícia Academia das Ciências. Ele também foi convidado por Paulo VI para participar de uma comissão conciliar.
Monsenhor Lemaître morreu em Lovaina, em 1966, pouco depois de saber da descoberta da radiação cósmica por Penzias e Wilson. Desde a sua morte, dois prêmios Nobel foram concedidos a cientistas que contribuíram para confirmar as suas ideias. No mês passado, da Estação Espacial Internacional foi lançado um foguete cargueiro, o ATV-5, que leva seu nome.
Para ler:
Un atome d’univers. La vie et l’œuvre de Georges Lemaître, de Dominique Lambert, Lessius, 1999.
L’Itinéraire spirituel de Georges Lemaître, Lessius, 2008.
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O padre Georges Lemaître, cônego e astrofísico - Instituto Humanitas Unisinos - IHU