Por: Jonas | 06 Agosto 2014
O padre Miguel d’Escoto, a quem o papa Francisco reabilitou a administração dos sacramentos, suspensa em 1985, pelo já falecido papa João Paulo II, disse aos meios de comunicação que a pena aplicada por Wojtyla foi um abuso de autoridade.
Fonte: http://goo.gl/gPMqGA |
A reportagem é publicada por Religión Digital, 05-08-2014. A tradução é do Cepat.
D’Escoto, de 81 anos, recordou que quando o Vaticano lhe aplicou a “suspensão a divinis”, chorou e que, então, chegou a preferir que o executassem. “Eu chorei com essa notícia. Não por mim, mas, sim, pela pequenez que ia ver minha Igreja, a que eu tanto amo e dediquei minha vida”, afirmou o padre revolucionário.
Assegurou que Roma lhe advertiu que abandonasse o trabalho político, caso contrário suspenderia o seu sacerdócio, no entanto, D’Escoto esclareceu que não poderia trair seu povo, nem a Daniel Ortega, optando por seus princípios revolucionários.
“Além disso, eu não podia e sempre quis ser obediente à autoridade, mas nunca quis trair minha consciência e eu não pude, por mais que quisesse o que Roma me pedia: porque isso implicaria em trair meu povo, trair as suas legítimas aspirações e direitos, trair a revolução popular sandinista, a nossos heróis e mártires, a Daniel e a todos os companheiros que estávamos na luta. Então, não podia”, comentou o sacerdote.
O padre revolucionário disse que nunca teve rancor por causa da sanção que o Vaticano lhe aplicou, em 1985, durante o papado do hoje São João Paulo II.
“Na realidade, foi um abuso de autoridade (...) e Deus me deu a graça para suportar isto sem nenhum rancor, sem nenhum remorso e com muito amor a minha Igreja”, reiterou o sacerdote.
D’Escoto comparou-se com Jesus, ao afirmar que seguir os caminhos de Jesus “é se arriscar, porque Jesus foi o maior anti-imperialista da história, que foi crucificado por ser anti-imperialista”.
“Querido povo da Nicarágua, meu sacerdócio é de vocês e para vocês e me alegra voltar a celebrar a missa”, disse Miguel d’Escoto, que também lembrou que há meses pediu ao cardeal Miguel Obando y Bravo para celebrar missa em sua companhia, caso seus direitos sacerdotais fossem restituídos.
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Miguel d’Escoto: “Minha condenação foi um abuso de autoridade” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU