Por: André | 11 Julho 2014
Dez mães tentaram suicidar-se em um centro de detenção de requerentes de asilo para que os seus filhos possam permanecer na Austrália, de acordo com fontes citadas nesta quarta-feira pela imprensa. Mas o primeiro-ministro disse que não vai ceder a “uma chantagem moral”.
A reportagem é da Agence France Presse, 09-07-2014. A tradução é de André Langer.
As mulheres atentaram contra suas vidas esta semana no campo de ilha Christmas, uma ilha australiana situada no meio do Oceano Índico, após terem sido informadas da sua iminente transferência para Papua-Nova Guiné ou para o sul da ilha de Nauru, de acordo com o Sydney Morning Herald.
Os imigrantes ilegais – que chegam na maioria das vezes de barco – que pretendem pedir asilo na Austrália são enviados para campos nas ilhas do Pacífico, enquanto os seus casos são examinados, um processo que pode durar meses.
A Comissão Australiana de Direitos Humanos, um órgão do governo, disse à AFP que foi informado sobre sete casos de tentativas de suicídio ou ameaças de suicídio por mulheres nas últimas 48 horas, no campo de ilha Christmas.
“Nas últimas semanas, nós catalogamos 13 casos semelhantes”, disse o porta-voz da Comissão.
As mulheres acreditam que se elas morrerem, seus filhos órfãos terão mais chances de poderem permanecer em território australiano, disse o presidente do município de Christmas, Gordon Thompson, ao Sydney Morning Herald. “Este é o motivo do estado de desespero no centro de detenção nesse momento.”
O governo conservador de Tony Abbott prometeu que todos os barcos de imigrantes ilegais, que partem na maioria das vezes da Indonésia com iraquianos, iranianos e especialmente curdos a bordo, não conseguirão aportar em terras australianas. Eles serão interceptados em alto mar e redirecionados para as ilhas do Pacífico.
A política em relação a essas embarcações clandestinas já havia sido endurecida pelo governo trabalhista às vésperas das eleições de setembro de 2013. O assunto tornou-se uma causa de tensão na vida política australiana.
O primeiro-ministro Tony Abbott qualificou, na quarta-feira, estas afirmações de “comoventes”. Mas “o governo não vai deixar dirigir sua política por pessoas má intencionadas”, disse à TV Channel Nine.
"As pessoas que estão em Nauru recebem roupas, alojamento, alimentos e, o mais importante, estão em segurança. Elas não estão sujeitas a nenhuma perseguição”, disse o chefe de governo. “Eu não acho que os australianos queiram ser submetidos a uma chantagem moral”.
Dezenas de embarcações chegaram à Austrália nos últimos anos, a maior parte na ilha Christmas. Centenas de migrantes se afogaram após o naufrágio de embarcações velhas e superlotadas.
Em 2013, eram cerca de 20.000, que chegaram de barco, os que requereram asilo neste país, que tem uma população de 23 milhões de habitantes.
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Austrália: mulheres tentam o suicídio para que seus filhos obtenham o asilo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU