Por: André | 09 Julho 2014
Durante o terceiro dia de reuniões em Genebra, na Suíça, o Comitê Central do Conselho Mundial de Igrejas (CMI) anunciou que será feita uma “Consulta Inter-religiosa sobre Mudança Climática” entre os dias 21 e 22 de setembro, na cidade de Nova York.
A reportagem está publicada no sítio do Conselho Mundial de Igrejas, 05-07-2014. A tradução é de André Langer.
O evento, a ser organizado em colaboração com Religiones por la Paz, buscará, por um lado, que cerca de 30 líderes religiosos adotem uma posição comum para animar e desafiar líderes políticos internacionais a abordarem concretamente as causas e consequências da mudança climática e, por outro lado, que líderes eclesiais se comprometam a promover ações dentro de cada uma das suas tradições de fé.
O evento inter-religioso acontecerá antes de uma importante consulta das Nações Unidas sobre o tema da mudança climática, convocada diretamente pelo secretário-geral Ban Ki-Moon com a intenção de catalisar as ações e anúncios que favoreçam a redução de emissões, o fortalecimento da resiliência climática e a mobilização de vontade política para o estabelecimento de um acordo legal significativo e vinculante para os Estados membros em 2015.
Até o momento, o processo frente ao tema da mudança climática não foi suficientemente contundente para produzir uma responsabilidade real por parte dos Estados membros, fazendo da consulta inter-religiosa um processo chave para a mobilização e concretização frente ao futuro.
O Comitê Central do CMI expressou sua esperança de que sua voz comum possa ser ouvida também na Convenção Marco das Nações Unidas sobre a Mudança Climática, que acontecerá em Lima, Peru, em dezembro de 2014.
“Juntaremos as nossas vozes num apelo para que os direitos humanos e a mudança climática sejam tratados e direcionados sistematicamente”, disse Daniel Murphy, assistente de campanha da Environmental Justice Foundation (EJF), organização do Reino Unido. Murphy falou em uma sessão plenária do Comitê Central do CMI, espaço e corpo de governo do CMI que se reúne durante esta semana em Genebra, Suíça.
“É um grande jogo de poder”
“O CMI esteve à frente do trabalho sobre temáticas relacionadas com a mudança climática durante mais de duas décadas, mas sua voz se faz mais necessária especialmente agora, quando os efeitos da mudança climática sobre os direitos humanos ganharam níveis de urgência”, disse Kirsten Auken, assessora de incidência da organização DanChurchAid, da Dinamarca.
Auken mencionou que a mensagem principal da consulta inter-religiosa será que líderes políticos devem agir para fechar o abismo entre o que se necessita e a falta de ação em nível político. “Nós, como grupos de Igrejas ou de fé, temos um importante papel a exercer para pressionar os nossos líderes a ser corajosos e esforçados”, disse a dinamarquesa.
Para o metropolita Serafim Kykkotis, da Igreja Ortodoxa Grega de Alexandria e de toda a África, “ao mesmo tempo que os membros do CMI desafiam os líderes políticos, devem incutir o interesse pelo cuidado da terra dentro das suas próprias comunidades”.
Os 30 participantes que farão parte da consulta inter-religiosa representarão grupos cristãos, judeus, muçulmanos, budistas, indígenas e outros, disse o Dr. Guillermo Kerber, coordenador do Programa Cuidado da Criação e Justiça Social do CMI.
“A relevância atual destes temas não tem precedentes devido ao crucial momento que estamos vivendo atualmente. Fizemos apelos durante anos para que se tenha um tratado justo, ambicioso e que seja vinculante para os países no que se refere à mudança climática”, refletiu Kerber.
Kerber acredita que este processo está situado, no CMI, dentro da Peregrinação da Justiça e Paz, uma iniciativa emergente no marco da 10ª Assembleia do CMI. “Nesse sentido, pensar em como responder à mudança climática é também um trabalho pela justiça e pela paz, na medida em que a mudança climática, por um lado, revela a injustiça que existe, mas, além disso, aumenta o abismo entre os que têm os meios para responder à mudança climática e aqueles que não os têm”, comentou Kerber.
Em nível de América Latina, aprofunda Kerber, as consequências da mudança climática começaram a ser sentidas. “Por um lado, mudou a frequência e intensidade das chuvas e tempestades, o que alterou os processos de colheita e, com isso, consolida-se como um problema de segurança alimentar; e, por outro lado, já se começaram a ver alguns casos de deslocamento de comunidades por razões climáticas”, apontou.
“Diante destas realidades, o CLAI vem implementando um programa chamado Fé, Economia, Ecologia e Sociedade, onde procura trabalhar toda esta problemática. Ao lado do CLAI e de outras organizações afins, desenvolveu-se algumas experiências que buscam ressaltar elementos de uma Teologia da Criação, assim como se continua pesquisando e identificando novos elementos que possam ajudar a adquirir consciência dentro das Igrejas, assim como no aperfeiçoamento de ações de incidência política no tema”, concluiu Kerber.
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O CMI anuncia a realização de uma consulta inter-religiosa sobre mudança climática - Instituto Humanitas Unisinos - IHU