04 Julho 2014
No último mês de maio o Superior Geral da Companhia de Jesus convocou uma Congregação Geral a ocorrer em 2016. Espera-se que ele formalmente apresente sua renúncia na ocasião. Pela primeira vez Adolfo Nicolás falou sobre seus planos, enquanto se dirigia aos porta-vozes da Companhia em um encontro na Espanha.
A reportagem foi publicada pelo Rome Reports, 02-07-2014. A tradução é de Isaque Gomes Correa.
Pe. Nicolás se elegeu há 6 anos. Disse que a sua idade avançada teve um papel central em sua decisão de renunciar.
PE. ADOLFO NICOLÁS
Superior Geral, Companhia de Jesus
“Com certeza, não posso conduzir a Companhia de Jesus durante os anos de enfraquecimento pessoal. Após os 80 anos, tem início aquele processo de decadência. Prefiro deixar a função quando eu ainda tenho controle sobre os meus sentidos, e não esperar até que os jesuítas comecem a se perguntar: ‘Aquele velho senhor ainda está em Roma?' Isso não é muito positivo. É preciso fazer as coisas com certa clareza, e é melhor começar a prepará-las desde já.”
A Congregação Geral acontecerá em 2016. Até lá, os jesuítas do mundo todo devem analisar os desafios que a Companhia enfrenta atualmente, bem como a forma que ela pode ajudar a superá-los.
PE. ADOLFO NICOLÁS
Superior Geral, Companhia de Jesus
“Creio que o nosso papel, hoje, dentro da Igreja é fomentar o aprofundamento, de forma que não façamos aquilo que os demais estão fazendo: o que é interessante, o que é imediato. Mas, pelo contrário, precisamos olhar as coisas com profundidade e buscar responder ao que a Igreja precisa no momento”.
Uma das questões que a Companhia irá observar é a situação no Oriente Médio, onde dois membros continuam desaparecidos: Prem Kuman, no Afeganistão, e Paolo Dall’Oglio, na Síria. O Pe. Nicolás disse que estes são jesuítas de “primeira classe”, muito dedicados e conscientes dos riscos que enfrentavam, e que mesmo assim não tiveram medo.
PE. ADOLFO NICOLÁS
Superior Geral, Companhia de Jesus
“Por exemplo, o Pe. Frank Van der Lugt, morto recentemente na Síria. Era um homem que entendia, conscientemente, que estava rumando em direção ao martírio. Quando teve a oportunidade de deixar o local, em meio à pressão internacional, ele escolheu permanecer. Disse que enquanto o seu povo estivesse sofrendo, ficaria junto deles, e então o assassinaram por causa disso.”
Dentro da Companhia, a renúncia do Superior Geral tem um precedente. O predecessor do Pe. Nicolás, Peter Hans Kolvenbach, se retirou em 2008, com a benção do Papa Bento XVI.
Para ver o vídeo com a reportagem clique aqui
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Superior Geral dos jesuítas: Não posso conduzir a Companhia de Jesus durante os anos de enfraquecimento pessoal - Instituto Humanitas Unisinos - IHU