02 Julho 2014
A arquidiocese de Nova York quer fechar a única igreja onde ainda hoje se celebra a missa em latim. Nessa igreja, um padre da Igreja Católica Romana encenou um incomum momento de crítica aberta contra essa decisão, medida que lhe custou o posto como funcionário da Missão da Santa Sé nas Nações Unidas, onde era responsável pelos direitos humanos em nome do Vaticano.
A reportagem é de Stefania Spatti, publicada no sítio American 24, 28-06-2014. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Segundo o jornal The New York Times, as ações tomadas contra o padre Justin Wylie – 40 anos, da África do Sul – demonstram como a arquidiocese de Nova York é sensível aos dissidentes, sobretudo aqueles que vêm do seu interior. Isso tudo ocorre enquanto a própria arquidiocese, que lida com a escassez de padres e de fiéis, está avaliando o fechamento de dezenas de igrejas, a fim de consolidar 368 paróquias como parte de um programa chamado "Making all things new" (Fazendo novas todas as coisas).
O caso assume outro significado, no entanto, precisamente porque a história põe em causa a igreja dos Santos Inocentes de Manhattan, a única que ainda oferece a missa tridentina, que chegou ao seu 444º ano (é a forma do rito romano celebrada segundo os cânones do Concílio de Trento) e ponto de referência de uma pequena mas apaixonada comunidade de católicos tradicionalistas presentes nos Estados Unidos.
O seu medo é de que, depois de um período em que ela havia sido encorajada pelo Papa Bento XVI, volte-se a uma supressão da missa em latim, em que o padre olha para o altar e não para os fiéis reunidos, as mulheres não podem servir junto ao altar e muitas vezes usam um véu sobre as cabeças.
Em 2007, o antecessor do Papa Francisco afirmara que todos os católicos têm o direito de celebrar a missa em latim, eliminando, assim, as restrições que se seguiram ao Concílio Vaticano II dos anos 1960.
No ano seguinte, o padre Thomas Kallumady, à época pároco da igreja dos Santos Inocentes de Nova York, decidiu convidar um grupo de tradicionalistas da liturgia para celebrar a missa em latim na estrutura gótica que remonta a 1869. A experiência foi um sucesso: a frequência à missa aos domingos quase triplicou desde 2009. Foi assim que a Santos Inocentes se tornou a única da metrópole a oferecer diariamente esse rito.
Em todos os Estados Unidos, outras 440 igrejas celebram tal rito ao menos uma vez por semana, o dobro em comparação com sete anos atrás (ao menos segundo a Coalition Ecclesia Dei, que promove essa liturgia).
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Única Igreja que celebra missa em latim em Nova York corre o risco de ser fechada - Instituto Humanitas Unisinos - IHU