Por: Caroline | 29 Mai 2014
Iglesias (foto, ao centro) se congratulou que seu partido obteve cinco lugares no Parlamento Europeu. “Não nascemos para ser testemunhas e sim para construir uma alternativa diferente em relação aos partidos que nos levaram para o desastre”.
A reportagem é publicada por Página/12, 28-05-2014. A tradução é do Cepat.
Fonte: http://goo.gl/aRd0Dh |
O representante do partido Podemos, Pablo Iglesias, mostrou-se disposto a liderar a candidatura dessa força para as eleições da Espanha. Em uma entrevista publicada ontem pelo jornal local Público, Iglesias manifestou que a vontade política dos militantes do Podemos é participar nos próximos comícios municipais, gerais e regionais – que ocorrerão no próximo ano -, para ser uma “alavanca que garanta a possibilidade de uma nova maioria política”. Em declarações ao canal de televisão Cuatro, consultado sobre sua disposição em fazer parte da próxima proposta eleitoral do Podemos, em caso de que seu partido o peça, Iglesias respondeu com um sonoro sim e ressaltou que o resultado dos comícios europeus do domingo representam um “corretivo histórico” para os grandes partidos espanhóis.
Também afirmou que desde a força que representa, irão trabalhar para mudar o governo da Espanha. “Não me conformo, o resultado foi um grande avanço, mas deve-se trabalhar com todo mundo para que isto mude”, assegurou. A primeira conversa que teve, uma vez que se soube que o Podemos obteria cinco lugares no Parlamento, revelou Iglesias, foi com o candidato à presidência da Comissão Europeia, Alexis Tsipras (líder do Syriza, partido de esquerda grego), quem lhe deu seu apoio para ocupar tal cargo. Também disse ter conversado com o deputado europeu de Esquerda Unida (IU), Willy Meyer e ressaltou que será uma honra concordar com ele para o apoio ao líder do Syriza.
Sobre a perda de votos no Partido dos Trabalhadores socialista espanhol (PSOE), que determinou, entre outras coisas, a renuncia de Alfredo Pérez Rubalcaba como presidente e o adiantamento de um congresso extraordinário para escolher seu sucessor, o deputado europeu considerou que, no passado, muita gente que votou no Podemos foi decepcionada pelo PSOE. Nesse sentido, Iglesias sentiu esse acompanhamento ao admitir que recebeu o apoio das pessoas que “um dia foram socialistas” e que “se sentiram enganados” pelos socialistas. “Não nascemos para ser uma testemunha e sim para construir uma alternativa diferente em relação aos partidos que nos levaram ao desastre”, afirmou Iglesias e complementou dizendo que o programa político da força que encabeça se baseia na defesa dos direitos humanos e do sentido comum.
Por outro lado, alertou sobre a possibilidade real de que o Partido Popular e o PSOE possam chegar a coincidir em um pacto no Congresso para perpetuar-se no poder e manter o atual sistema. Sobre o resultado das eleições ao Parlamento Europeu, para as quais, em sua formação com apenas três meses de vida, conseguiu arrebatar cinco lugares e 1,2 milhões de votos, Iglesias assinalou que desde que foram levados a sério pelas pesquisas “dissemos que não nos colocaríamos teto, estávamos sentindo que havia uma mobilização para o sonho e pessoas, de todas as idades, nos diziam que recuperavam o sonho de 82”. “É um resultado que surpreende a muitos, mas para nós não é o suficiente. Por hora conseguimos nossos objetivos de superar nas urnas os partidos das ‘castas’”, reconheceu Iglesias, em referência ao PP e PSOE, ainda que tenha admitido que esses grupos sofreram um retrocesso e receberam “um corretivo histórico” por parte do eleitorado, “mas ainda não terminamos”.
Consultado sobre as vozes críticas que suspeitam da continuidade e permanência no tempo do Podemos, Iglesias assinalou que a Espanha está mudando, porque os espanhóis estão assumindo seu protagonismo político. “Vamos continuar trabalhando para quer as pessoas façam política, porque se as pessoas não fazem política outros a farão e, quando outros a fazem por você, te roubam os direitos, a democracia e a carteira”. Em relação à possibilidade de estabelecer futuros acordos e pactos com forças políticas como o PSOE ou a Esquerda Unida, Iglesias disse que como tudo no Podemos, quem terá que decidi-lo é o povo. “O que pensamos é que se desejamos defender a soberania e a democracia não podemos aspirar os 15%. Temos que aspirar ser uma nova maioria. O PSOE demonstrou com suas políticas que forma parte do problema, que suas diferenças a respeito do PP são diferenças de matiz”, afirmou.
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“A Espanha está mudando”, disse Pablo Iglesias, representante do partido Podemos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU