28 Mai 2014
"Hoje reafirmamos o nosso compromisso a continuar caminhando juntos rumo à unidade", que será "a da comunhão na legítima diversidade": essa é a afirmação central da "Declaração Conjunta" assinada na tarde do dia 25 em Jerusalém pelo Papa Francisco e por Bartolomeu, patriarca ecumênico (assim eles se apresentam no texto).
A reportagem é de Luigi Accattoli, publicada no jornal Corriere della Sera, 26-05-2014. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
A declaração enumera os "passos" dados em meio século, a partir do encontro em Jerusalém de Paulo VI e Atenágoras no dia 5 de janeiro de 1964, delineia um vasto programa de colaboração prática e anuncia o compromisso com uma ação coordenada para reiniciar o "diálogo teológico" iniciado em 1979 e que está substancialmente parado desde 2007.
Este último ponto talvez seja o mais importante tocado pela declaração. Os passos dados em meio século são apresentados como o fruto do caminho iniciado "pelo abraço trocado entre o Papa Paulo VI e o Patriarca Atenágoras aqui em Jerusalém depois de muitos séculos de silêncio". São listados: a "remoção" das "sentenças de recíproca excomunhão de 1054" (1965); "trocas de visitas nas respectivas sedes de Roma e de Constantinopla e frequentes contatos epistolares"; "a decisão do Papa João Paulo II e do Patriarca Dimitrios de iniciar um diálogo teológico da verdade entre católicos e ortodoxos" (1979).
Essa decisão levou à formação de uma "Comissão Mista Internacional para o diálogo teológico católico-ortodoxo", que produziu documentos de reinterpretação comum das polêmicas sobre a Eucaristia (1982), Fé, Sacramentos e Unidade (1987), Sacramento da Ordem (1988 ), Uniatismo (1993), Conciliaridade e Autoridade (2007).
São aproximações importantes. A mais relevante foi feita no último desses textos, que aborda a questão do "primado" de Roma, reconhecendo ao papa um papel de primeiro entre os "patriarcas": uma "presidência na caridade", sobre cujas implicações, porém, não há acordo, tanto que o Patriarcado de Moscou, até hoje, negou a sua concordância com o texto de 2007.
O compromisso de retomar o trabalho foi expressado assim: "Afirmamos juntos que a nossa fidelidade ao Senhor exige o encontro fraterno e o verdadeiro diálogo". Mais forte do que em outras ocasiões é o pedido de uma "cooperação eficaz e empenhada entre os cristãos" para a defesa da liberdade religiosa e das Igrejas perseguidas.
A "Declaração Conjunta" de Paulo VI e Atenágoras foi breve e tímida, na incerteza de como o seu abraço seria acolhido pelas duas Igrejas. O fato dos últimos dias não tem novidades sensacionais, mas se projeta para a frente. Percebe-se o otimismo de Bartolomeu, que finalmente teve sucesso no trabalho de convencer o conjunto da Ortodoxia a convocar o grande Concílio que deverá reunir as Igrejas ortodoxas em 2016. Mas se lê também a confiança com que Francisco olha para a união dos cristãos como um elemento-chave da sua "Igreja em saída".
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O patriarca e o Concílio na diversidade, 50 anos depois - Instituto Humanitas Unisinos - IHU