20 Mai 2014
Uma das atrações turísticas mais visitadas do país, o Parque Nacional do Iguaçu recebeu um ultimato da Unesco, braço da ONU: ou toma medidas em relação à preservação, ou entrará para a lista de patrimônios da humanidade sob ameaça.
Um relatório do órgão, do início deste mês, manifestou "extrema preocupação" com o estado de conservação do parque, que abriga uma das maiores reservas de mata atlântica do país.
A reportagem é de Estelita Hass Carazai, publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 18-05-2014.
O documento relaciona dois grandes riscos: a construção da usina hidrelétrica do Baixo Iguaçu, a 500 metros do limite do parque, e a possibilidade de reabertura da estrada do Colono, que atravessa a unidade.
A falta de estrutura de fiscalização, o número insuficiente de funcionários e a ocorrência reiterada de caça e da exploração de madeira também são apontados como fatores problemáticos.
A inscrição na lista de patrimônio em risco é uma espécie de alerta vermelho e eleva a possibilidade de perda do título de patrimônio mundial, que hoje é um chamariz para turistas --1,5 milhão de pessoas visitam o parque por ano.
A unidade também deixaria de receber US$ 50 mil anuais da ONU para o combate a incêndios.
"Seria um atestado de incompetência", diz a secretária-geral do WWF Brasil, Maria Cecília de Brito.
O Brasil tem até fevereiro de 2015 para apresentar um novo relatório sobre a conservação do parque. O governo federal, que diz considerar o título da Unesco "de grande importância", está mobilizando o Ministério do Meio Ambiente e o Itamaraty para responder.
Dirá que é "terminantemente contra" a reabertura da estrada do Colono, proposta em um projeto de lei a ser votado no Senado, e que tem monitorado com atenção a obra da usina do Baixo Iguaçu, integrante do PAC.
"Eu, se fosse a Unesco, tiraria [o título] de todos os monumentos do país. Tira e espera o Brasil levar isso um dia a sério", diz Clóvis Borges, diretor da Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem.
Para ele, falta orçamento e estrutura para vigiar essa e outras unidades de preservação, além de dar prioridade à política de conservação.
Instituto diz que usina não causa danos ao parque
Apontada como ameaça ao parque do Iguaçu, a usina de Baixo Iguaçu foi a que despertou maior preocupação da Unesco, que recomendou a "paralisação imediata" da obra.
A hidrelétrica começou a ser construída em agosto do ano passado, numa área vizinha ao parque. O Ministério Público contesta na Justiça o processo de licenciamento, que levou cinco anos.
A Neoenergia, responsável pela construção, diz que houve estudos ambientais e que o licenciamento impôs uma série de condições, inclusive em relação ao parque.
Será construído, por exemplo, um corredor ecológico entre a unidade e remanescentes de mata atlântica da região.
O ICMBio (Instituto Chico Mendes), responsável pela administração do parque, diz que, até o momento, não há elementos que mostrem danos à unidade pela usina.
Já a estrada do Colono é reivindicação de parte de moradores locais. A rodovia já existiu e foi fechada em 2001 por ordem judicial, devido a impactos ambientais. Projeto de lei quer que ela seja reaberta com entrada limitada.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Usina hidrelétrica e estrada ameaçam parque do Iguaçu - Instituto Humanitas Unisinos - IHU