05 Mai 2014
É uma nomeação que passou quase despercebida. Nessa sexta-feira, 2 de maio, o Papa Francisco nomeou como secretário encarregado da vice-presidência da Pontifícia Comissão para a América Latina o professor Guzmán Carriquiry, "até agora secretário da mesma Pontifícia Comissão".
A reportagem é de Andrea Tornielli, publicada no sítio Vatican Insider, 03-05-2014. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Carriquiry, de origem uruguaia, primeiro chefe de escritório leigo em um órgão curial por vontade de Paulo VI em 1977, foi durante 20 anos subsecretário do Pontifício Conselho para os Leigos, nomeado por João Paulo II, também nesse caso o primeiro leigo nesse papel.
Em 14 de maio de 2011, Bento XVI o nomeou secretário da comissão que se ocupa da América Latina, sob os auspícios da Congregação para os Bispos (cujo prefeito também é presidente da comissão).
O cargo de secretário não estava previsto e não existia. E o Papa Ratzinger também não havia nomeado contextualmente um vice-presidente bispo. Portanto, é evidente que, já no pontificado anterior, havia a vontade de fazer com que o único número dois da comissão fosse Carriquiry.
Com a nomeação dessa sexta-feira, o Papa Francisco deu mais um passo, encarregando também formalmente o professor uruguaio – que ele conhece há muito tempo – das funções de vice-presidente, embora não podendo nomeá-lo plenamente por causa da constituição apostólica Pastor bonus sobre a Cúria Romana.
Nesse texto, que será reformado em breve graças ao trabalho do C8 dos cardeais, no parágrafo 83, explica-se que "a tarefa da Comissão é de ajudar com o conselho e com os meios econômicos as Igrejas particulares da América Latina, e de colaborar, também, no estudo das questões que dizem respeito à vida e ao desenvolvimento de tais Igrejas, especialmente para ser de ajuda tanto aos dicastérios da Cúria, interessados em virtude da sua competência, quanto às próprias Igrejas na solução de tais questões".
Logo depois, no parágrafo 84, afirma-se: "O presidente da Comissão é o prefeito da Congregação para os Bispos, que é assistido por um bispo como vice-presidente".
Com a nomeação dessa sexta-feira, pela primeira vez, um leigo na Cúria Romana é formalmente designado a um papel que, segundo as normas vigentes, devia ser ocupado por um eclesiástico com caráter episcopal.
Outro sinal, ainda inicial e pequeno, de um caminho já iniciado com Bento XVI.
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Comissão para a América Latina: um leigo no papel de um bispo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU