Por: Jonas | 13 Março 2014
Os cardeais Scola, George, Scherer e Rouco estão fora do novo Conselho dos Quinze. Nenhuma mulher entre os sete membros leigos. A estrela cadente Chaouqui. O secretário de Estado, Pietro Parolin, mantido às escuras no que diz respeito à instituição do novo dicastério econômico.
A reportagem é de Sandro Magister, publicada por Chiesa, 12-03-2014. A tradução é do Cepat.
No sábado, dia 8 de março, justamente na vigília do começo dos exercícios espirituais, o papa Francisco nomeou “ad quinquennium” aos oito cardeais e aos sete especialistas leigos do novo Conselho de Assuntos Econômicos, constituindo as novas instituições criadas com o motu proprio ‘Fidelis dispensator et prudens’, do dia 24 de fevereiro de 2014”.
Apesar do motu proprio prever que entre os oito eclesiásticos também poderia haver bispos, o Papa optou por escolher somente cardeais. São os seguintes:
- o alemão Reinhard Marx, arcebispo de Munique e Freising, que também assume o cargo de coordenador do Conselho;
- o peruano Juan Luis Cipriani Thorne, arcebispo de Lima;
- o estadunidense Daniel N. DiNardo, arcebispo de Galveston-Houston;
- o sul-africano Wilfrid Fox Napier, arcebispo de Durban;
- o francês Jean-Pierre Ricard, arcebispo de Bordeaux;
- o mexicano Norberto Rivera Carrera, arcebispo do México;
- o chinês John Tong Hon, bispo de Hong Kong;
- o italiano Agostino Vallini, cardeal vigário de Roma.
Por sua vez, os sete nomeados são:
- o maltês Joseph F. X. Zahra, que assume o cargo de vice-coordenador;
- o francês Jean-Baptiste de Franssu;
- o canadense John Kyle;
- o espanhol Enrique Llano Cueto;
- a alemão Jochen Messemer;
- o italiano Francesco Vermiglio;
- o ex-ministro de Relações Exteriores de Singapura, George Ye.
As nomeações em questão foram acompanhadas por um comentário oficial do padre Federico Lombardi. O porta-voz vaticano fez notar que os cardeais Cipriani Thorne, Napier, Ricard, Rivera Carrera, Tong Hon e Vallini, assim como o cardeal Pell, novo prefeito da Secretaria de Assuntos Econômicos, já eram todos membros do Conselho para o Estudo dos Problemas Organizativos da Santa Sé, o chamado Conselho dos Quinze, que “deixou de existir”.
Acrescentou que os cardeais Marx e Pell são membros do Conselho dos Cardeais para a Reforma da Constituição Apostólica “Pastor bônus” e para ajudar o Santo Padre no governo da Igreja universal.
Enfatizou que “as relações entre o Conselho e a Secretaria de Assuntos Econômicos serão definidas pelos estatutos” e que “em todo caso o Conselho é entendido como órgão que tem uma autoridade própria de direção, não um mero órgão consultivo da Secretaria de Assuntos Econômicos”.
E por último fez notar que “a proveniência de distintas áreas geográficas dos membros nomeados no Conselho reflete, como o motu proprio ‘Fidelis dispensator et prudens’ requeria, a universalidade da Igreja”.
Contudo, o padre Lombardi omitiu dizer quem eram os outros cardeais que faziam parte do Conselho dos Quinze, suplantado pelo novo organismo, do qual ficaram de fora. São nomes de certo interesse.
De fato, entre os não confirmados há purpurados de primeira grandeza, que concluíram sua atividade pastoral, como o alemão Joachim Meisner, arcebispo emérito de Colônia, ou que estão terminando o seu mandato na diocese, como o espanhol Antonio M. Rouco Varela ou o estadunidense Francis E. George.
Assim como também estão o africano Polycarp Pengo e o indiano Telesphore P. Toppo, que juntamente com Tong Hon foram nomeados para o Conselho dos Quinze há apenas um ano. E, além disso, há eclesiásticos de peso como o cardeal de Milão, Angelo Scola; o de Caracas, Jorge L. Urosa Savino e o de São Paulo (Brasil), Odilo P. Scherer. Este último, assim como também Toppo, foi recentemente destituído da Comissão Cardinalícia de Vigilância do Instituto para as Obras de Religião.
As nomeações foram divulgadas no Dia da mulher. E isto evidenciou ainda mais a falta de representantes femininas entre os sete membros leigos do Conselho.
Neste sentido, pode ser significativo o fato de que enquanto cinco dos novos nomeados (Zahra, De Franssu, Llano Cueto, Messemer, Yeo) também são membros da Pontifícia Comissão referente à organização da estrutura econômico-administrativa da Santa Sé, no novo Conselho não foi inserida a única mulher eleita para a Comissão: Francesca Immacolata Chaouqui.
Talvez este seja um sinal de que a sua, juntamente com a de seu mentor, o prelado espanhol Lucio Ángel Vallejo Balda, agora seja uma estrela cadente no céu vaticano.
Após a nomeação de Pell – e de Alfred Xuereb, preferido inesperadamente no lugar do próprio Vallejo, como prelado secretário – na Secretaria de Assuntos Econômicos, e depois da nomeação dos quinze novos membros do novo Conselho de Assuntos Econômicos, falta apenas a escolha do novo Auditor Geral, o terceiro escritório criado pelo motu proprio do dia 24 de fevereiro.
E precisamente o Auditor Geral, que poderá ser um leigo ou uma leiga, parece se prefigurar como parte central no novo dispositivo econômico-financeiro vaticano.
O vice-coordenador leigo do Conselho de Assuntos Econômicos, Joseph F. X. Zahra, explicou ao “Boston Globe” que será o Auditor Geral quem “dirigirá as revisões anuais das contas” das organizações vaticanas.
Porém, não apenas isso: o Auditor – antecipou Zahra – “terá também a autoridade para realizar investigações especiais, caso necessário”.
Zahra confirmou, além disso, que a nova Secretaria de Assuntos Econômicos “foi posta no mesmo nível da Secretaria de Estado”.
Tão no mesmo nível – e em direta dependência do Papa –, que o secretário de Estado, Pietro Parolin, apenas na manhã do dia 24 de fevereiro ficou sabendo, assim como todos, que a nova Secretaria de Assuntos Econômicos havia se institucionalizado.
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Assuntos econômicos no Vaticano. Promovidos e rejeitados - Instituto Humanitas Unisinos - IHU