12 Março 2014
O enterro cristão dado ao Marquês de Pombal pelos jesuítas retornados do exílio, no século XIX, em Portugal, mostrou a capacidade desses jesuítas em enterrar o passado sem guardar ressentimentos.
A nota é do sítio Jesuit Restoration 1814, 06-03-2014. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Os jesuítas foram readmitidos em Portugal em 1829, embora pelo breve período de cinco anos antes de serem expulsos novamente por outros 24 anos em 1834. Naqueles breves cinco anos, houve uma série interessante de eventos. Um grupo de jesuítas franceses foram autorizados a regressar à Portugal sob a liderança do padre Delvaux. Eles chegariam a Lisboa em 13 de agosto - 5 sacerdotes e dois irmãos -, e depois de viverem por um ano nos subúrbios, em um lugar chamado Marvilla, retornaram para a residência original que os jesuítas haviam inaugurado em 1542.
Três anos depois de sua chegada, celebrariam a missa onde viria a ser o lugar do descanso final de Pombal (Carvalho). Eu li que Pombal não tinha sido enterrado desde sua queda em desgraça e morte em 1782, e que o Pe. Delvaux daria aos seus restos mortais a dignidade de um enterro cristão. Se isso for verdade, é forte a ironia do retorno deles do exílio para enterrar e rezar pelo seu pior inimigo e principal perseguidor. É também muito edificante. Como um sinal da nova confiança dada à Companhia, eles receberam um colégio em Coimbra. Também é preciso salientar que quatro bisnetos de Pombal tornaram-se alunos da escola jesuíta e prosperaram lá.
Como podemos entender essa generosidade de espírito? Um momento chave dos Exercícios Espirituais é fazer um exame honesto da vida anterior, durante a primeira semana, e refletir sobre o pecado em nossas vidas e em nosso mundo. A pessoa que faz o retiro é convidada a compreender o pecado não apenas como um ato intelectual de lembrança, ou arrependimento, mas também a enfrentar honestamente a realidade do pecado no mundo, com o coração. Em outras palavras, para ver o pecado como Deus vê o pecado.
A esperança é de que isso leve a uma consciência do amor que Deus tem por nós, apesar da nossa fragilidade e apesar de nossa pecaminosidade. Perceber que somos amados pecadores nos faz ser mais compassivos com os defeitos dos outros.
Esse evento curioso do enterro de Pombal pelos jesuítas é fruto disso - a capacidade de enterrar o passado e uma liberdade cheia da graça de Deus, não guardando ressentimentos.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Marquês do Pombal: enterrando o passado - Instituto Humanitas Unisinos - IHU