Por: Caroline | 20 Fevereiro 2014
O teólogo jesuíta Jon Sobrino comentou hoje que o papa Francisco “já disse muitas coisas relevantes” mesmo que “ainda não tenha dito tudo”. Sobrino, um dos principais expoentes da Teologia da Libertação, teceu seus comentários durante sua intervenção na apresentação do livro de testemunhos intitulado “El Salvador, 20 anos na memória”, em um ato na Casa da América, em Madri.
A reportagem é publicada por Religión Digital, 18-02-2014. A tradução é do Cepat.
Fonte: http://goo.gl/BrkfsT |
O teólogo, que viajou pela primeira vez a El Salvador em 1957 e ali residiu desde então, fez referência em seu discurso aos seis jesuítas – entre eles o espanhol Ignacio Ellacuría – e as duas empregadas domésticas assassinadas em 1989. As mortes ocorreram na salvadorenha Universidade Centro-americana José Simeon Cañas (UCA), durante o conflito no país, entre os anos de 1979 e 1991.
“Sem honestidade com a realidade não há o que se fazer”, disse Sobrino, enquanto lembrava da severidade do conflito salvadorenho e do papel que a Igreja, juntamente com os jesuítas, ocuparam nele.
“Deve-se relembrar o real” porque através do discurso “politicamente correto” chegamos apenas a “algumas pequenas coisas”, que não são aquelas que realmente importam. Como o próprio teólogo questionou, ainda a este respeito: “quem sabe atualmente algo sobre El Salvador?”
Encerrou sua fala afirmando que a palavra globalização “é uma armadilha de linguagem” e que o mundo “não está se tornando mais equidistante, nem tão pouco mais homogêneo”.
Os outros participantes que interviram no ato também fizeram menção a importância da presença da Igreja e sua aproximação com os pobres em El Salvador.
O ex-secretário de Estado Ibero América, o espanhol Yago P. de Coaña, afirmou que as semelhanças entre o espírito dos sacerdotes, durante esse conflito salvadorenho, e o do atual papa, lhe dão uma “grande esperança”.
Lembrou também do bispo salvadorenho Oscar Romero, assassinado por um esquadrão da morte, enquanto celebrava uma missa em 1980. Também afirmou que Romero é conhecido como “São Romero da América” visto que foi produzida uma “beatificação popular”, mesmo que a oficial ainda “esteja pendente”.
O embaixador da Espanha em El Salvador, Fernando Álvarez de Miranda, assegurou que, ao chegar ao país, tinha uma ideia do que “havia sido a Igreja durante o franquismo”, e que teve um choque com o que encontrou ali, “uma Igreja nova que entra no coração”.
Na apresentação também interviram a coordenadora do livro “El Salvador, 20 anos na memória”, Clara María Hermida, e o especialista salvadorenho, Valentín Cárcamo.
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“Francisco já disse muitas coisas relevantes, ainda que não tenha dito tudo” constata Jon Sobrino - Instituto Humanitas Unisinos - IHU