13 Fevereiro 2014
Jesuítas vietnamitas são convidados a continuar trazendo os valores do Evangelho às pessoas no momento em que celebram o 400º aniversário da chegada dos primeiros jesuítas ao país.
A reportagem é de Joachim Pham, publicada no jornal National Catholic Reporter, 10-02-2014. A tradução de Isaque Gomes Correa.
Dom Paul Bui Van Doc, presidente da Conferência dos Bispos Católicos do Vietnã, pediu aos jesuítas locais para “serem hinos de louvor e trazerem as pessoas de volta a Deus através de suas vidas, testemunhos e atividades pastorais”.
Dom Paul presidiu a missa especial que marcou o aniversário de 400 anos da chegada dos três primeiros missionários jesuítas ao Vietnã. A missa foi realizada no dia 18-01-2014 na Catedral de Notre Dame, na cidade de Ho Chi Minh.
O religioso também pediu aos jesuítas para estabelecerem um diálogo construtivo com outras pessoas e a construírem pontes entre elas, especialmente com os mais desfavorecidos em áreas remotas. Os jesuítas vietnamitas têm ministérios na área conhecida como Central Highlands (Planalto Central, literalmente), região onde pessoas de etnia minoritária vivem. Estas falam línguas diferentes, são muitas vezes pobres materialmente e não têm acesso aos benefícios oferecidos aos demais cidadãos do país.
Cerca de 1500 pessoas participaram na celebração. Estiveram presentes nove bispos e 100 padres.
Em sua homilia, o bispo jesuíta Cosme Hoang Van Dat, da diocese de Bac Ninh (norte do país), disse que o padre italiano François Buzomi e dois outros portugueses – o Pe. Diogo Carvalho e o Ir. Antonio Dias – chegaram ao porto de Cua Han (hoje a cidade de Da Nang) na região central do país no dia 18-01-1615. Isso significa um “importante marco na história da Igreja Católica no Vietnã”, acrescentou.
Outros missionários jesuítas também foram enviados de Macau para o país anos mais tarde. Entre eles o Pe. Alexandre de Rhodes, que posteriormente se tornou um especialista em língua vietnamita e nos costumes locais. O seu livro de catecismo, publicado em 1651, foi considerado a primeira obra escrita em Quoc Ngu. Ele também organizou e treinou catequistas, que trabalhavam com missionários estrangeiros na evangelização.
As atividades do Pe. Rhodes “verdadeiramente fizeram com que o catolicismo se encarnasse na sociedade vietnamita”, disse Van Dat, que é o primeiro prelado jesuíta no Vietnã.
O religioso disse que antes que a Santa Sé tivesse estabelecido os dois primeiros vicariatos apostólicos de Dang Ngoai (Tonkin) e Dang Trong (Cochinchine) em 1650, os missionários jesuítas haviam batizado mais de 150 mil, mesmo enfrentando fortes perseguições religiosas de autoridades locais.
Bem conhecido entre os que foram mortos por causa da fé católica que tinham está o beato Andrew Phu Yen, um catequista indígena que trabalhou com os primeiros jesuítas, incluindo Rhodes. Foi morto em 1644. Ele é o típico mártir do Vietnã. O Papa João Paulo II o beatificou no ano 2000.
Dezesseis jesuítas estrangeiros e vietnamitas foram mortos por causa da fé que possuíam, como decorrência de perseguições religiosas entre os séculos XVII e XIX.
Depois que a Companhia de Jesus foi dissolvida, em 1773, os missionários jesuítas não estiveram mais no país até 1957, quando retornaram para fundar a primeira comunidade em Saigon e administrar o Colégio Pontifício Pio X, em Da Lat. O colégio era usado na formação de estudantes vindos de toda a região sul do Vietnã, da Camboja e de Laos. Foi fechado em 1976 pelo governo comunista.
O bispo Van Dat pediu aos jesuítas de hoje para “seguirem com coragem os seus irmãos”.
No início deste mês, a Província do Vietnã lançou um site para marcar o ano jubilar.
Em um comunicado anunciando as comemorações, o Pe. Joseph Pham Thanh Liem, provincial dos jesuítas, disse que serão organizados “seminários sobre a obra missionária e Quoc Ngu, além de peregrinações à cidade natal do beato Andrew Phu Yen e ao lugar onde ele foi executado”.
O objetivo da celebração deste ano, lê-se no site, é a renovação espiritual dos jesuítas locais e de todos aqueles que adotam a espiritualidade de Santo Inácio de Loyola.
O provincial disse que parte da programação deste ano vai incluir seminários e fóruns destinados a “aprender (sobre) e promover maneiras de evangelizar apropriadas para o mundo de hoje através do olhar retrospectivo da história da evangelização no Vietnã. O que podemos descobrir que poderá trazer melhores formas de a gente se engajar com o povo do Vietnã atualmente?”
O efeito desejado desta renovação é o fortalecimento do espírito missionário da Igreja local assim como ajudar os católicos locais a saberem um pouco mais da história da missão cristã no país.
Em 2013, a Província Jesuíta do Vietnã possuía 197 membros, fornecendo exercícios espirituais aos católicos locais, prestando trabalhos de evangelização e trabalhando com os pobres, estudantes e migrantes internos. Muitos deles estão trabalhando em áreas que têm falta de sacerdotes locais, enquanto que outros estão dando formação espiritual e pastoral necessária a seminaristas em casas de formação diocesanas em todo o país.
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Jesuítas lançam ano jubilar para marcar os 400 anos de presença no Vietnã - Instituto Humanitas Unisinos - IHU