“Defendam e façam com que permaneça firme a identidade católica”, diz Papa Francisco

Mais Lidos

  • Alessandra Korap (1985), mais conhecida como Alessandra Munduruku, a mais influente ativista indígena do Brasil, reclama da falta de disposição do presidente brasileiro Lula da Silva em ouvir.

    “O avanço do capitalismo está nos matando”. Entrevista com Alessandra Munduruku, liderança indígena por trás dos protestos na COP30

    LER MAIS
  • Dilexi Te: a crise da autorreferencialidade da Igreja e a opção pelos pobres. Artigo de Jung Mo Sung

    LER MAIS
  • Às leitoras e aos leitores

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

Por: André | 31 Janeiro 2014

O Papa Francisco espera que a universidade católica estadunidense de Notre Dame (que se viu várias vezes envolvida em polêmicas em relação a temas como a bioética) preserve a própria identidade católica “diante das tentativas, de onde quer que venham, de diluí-la”. Foi o que disse o Pontífice ao receber em uma audiência o Conselho de Administração da universidade fundada pela Congregação de Santa Cruz, em Indiana. Jorge Mario Bergoglio destacou que é preciso defender, conservar e fazer com que permaneça firme esta identidade católica.

A reportagem é de Iacopo Scaramuzzi e publicada no sítio Vatican Insider, 30-01-2014. A tradução é de André Langer.

“Na minha recente Exortação Apostólica sobre a Alegria do Evangelho reiterei a dimensão missionária do discipulado cristão que deve ser relevante na vida das pessoas e na tarefa de qualquer instituição eclesial”, disse o Papa argentino durante o encontro. “Este compromisso de ‘discipulado missionário’ – acrescentou – teria que ser percebido de forma especial nas universidades católicas que, por sua natureza, estão comprometidas em demonstrar a harmonia entre fé e razão e em evidenciar a importância da mensagem cristã para uma vida vivida em plenitude e na autenticidade. A este respeito, é essencial um testemunho decidido nas universidades católicas do ensino moral da Igreja e da defesa de sustentá-lo, enquanto é proclamado com a autoridade do magistério dos Pastores, precisamente nas instituições educativas da Igreja e através delas. Espero que a Universidade de Notre Dame continue a oferecer seu indispensável e inequívoco testemunho deste aspecto fundamental da sua identidade católica, sobretudo diante das tentativas, de onde quer que venham, de diluí-la. Isto é importante: a identidade própria, como foi querida desde o início; defendam-na, conservem-na, façam com que ela permaneça firme”.

Em dezembro do ano passado, a Universidade de Notre Dame tratou, pela segunda vez, de levar o presidente Barack Obama (como fizeram também muitas outras instituições católicas) aos tribunais devido ao mandato federal que impõe às seguradoras a obrigação de oferecer uma cobertura sanitária que inclui práticas anticoncepcionais e abortivas. A regra é uma medida aplicável no marco da reforma sanitária impulsionada pelo presidente dos Estados unidos, e foi duramente criticada pela Conferência dos Bispos dos Estados Unidos. O pedido da Notre Dame University foi recusado por um juiz federal. O mesmo ateneu viveu em primeira pessoa o debate provocado por um artigo do professor de filosofia Gary Gutting (publicado no The New York Times), que se intitula “Deveria o Papa Francisco pensar novamente no aborto?”

Além disso, não se deve esquecer outra grande polêmica na qual a mesma universidade se viu envolvida, pois em 2009 convidou o Obama para a abertura da cerimônia de entrega de diplomas. É um costume da casa de estudos convidar os novos presidentes (Jimmy Carter 1977, Ronald Reagan em 1981 e George W. Bush em 2001), mas a decisão de outorgar a Obama o título de Doutor Honoris Causa acendeu o debate público sobre a reforma sanitária. Diferentes associações pró-vida e alguns bispos criticaram duramente o convite. O arcebispo de Nova York, Timothy Dolan, disse que foi um “grave erro”.

Ao contrário, o presidente da Associação das Universidades Jesuítas, o padre Charles Currie, pediu para “mudar o tom” e defendeu a decisão de convidar o presidente.

O reitor da Notre Dame, o padre John Jenkins, insistiu no acerto que representava a sua decisão, enquanto o responsável pela secção romana da Santa Cruz, a congregação religiosa que fundou a universidade, Hugh W. Cleary, escreveu uma carta aberta a Obama na qual pedia que considerasse melhor suas ideias sobre a bioética, embora não tenha colocado em discussão o convite da universidade.