Por: Caroline | 05 Janeiro 2014
Quando era Rush Limbaugh, o conservador e excêntrico comentarista de rádio norte americano, ou o movimento Tea Party, influenciados quem sabe por um antigo preconceito anticatólico, era mais simples de se passar por cima. Mas agora, se for certo que o fundador da Home Depot, Ken Langone, tenha declarado a televisão CNBC que as opiniões do Papa (foto) sobre a economia estão criando um problema, a questão se torna um pouco mais séria e deve ser resolvida.
A reportagem é de Paolo Mastrolilli, publicada por Vatican Insider, 02-01-2014. A tradução é do Cepat.
Fonte: http://goo.gl/EqijHL |
Alguns grandes financistas dos Estados Unidos estão reconsiderando as doações feitas a Igreja, o que coloca em perigo suas atividades realizadas em todo o mundo. Na Exortação Evangelii Gaudium, o pontífice advertiu sobre os excessos do capitalismo. Os conservadores americanos reagiram negativamente e Limbaugh o acusou de usar uma linguagem marxista. Em sua entrevista a Andrea Tornielli, em “La Stampa”, Francisco respondeu que o marxismo é uma ideologia falha, “entretanto eu conheci diversos marxistas que eram boas pessoas, deste modo o adjetivo não me ofende”.
A disputa com Limbaugh e o Tea Party teria terminado assim, mas agora começa outra, ainda mais perigosa. Ken Langone é um católico muito devoto e também o fundador da grande cadeia de produtos para casa Home Depot. Sempre fez doações importantes para a Igreja e o cardeal de Nova York, Timothy Dolan, o envolveu na arrecadação de cerca de 180 milhões de dólares necessários para restaurar São Patrício, a catedral construída em 1878, na Quinta Avenida.
“Um potencial doador de sete cifras – disse Langone ao canal de economia CNBC – me disse que não está disposto a participar porque está preocupado com as críticas do Papa ao capitalismo. Considera que elas são um elemento de exclusão”. O doador ficou particularmente impressionado pelas palavras que diziam que “a cultura da prosperidade fez os ricos incapazes de sentir compaixão pelos pobres”. Langone disse que pensou sobre a questão de Dolan: “Eminência, este é um obstáculo a mais e o qual não necessitamos. Os americanos estão entre os filantropos mais generosos do mundo, mas devem ser abordados de maneira justa. Ganha-se mais com o mel do que com o vinagre”.
Segundo o fundador do Home Depot, Dolan o tranquilizou explicando que o doador havia entendido mal as palavras de Francisco: “O Papa ama tanto os pobres como os ricos. Quando este doador entender bem sua mensagem, não terá problemas em contribuir”. Langone respondeu que falará com ele, mas não quis tornar público o nome da pessoa.
O problema é mais do que uma simples desistência. Ele poderia transformar-se em algo complicado para o Vaticano, chegando inclusive a representar dificuldades ainda maiores do que a arrecadação dos fundos necessários para restaurar São Patrício. Estados Unidos e Alemanha, de fato, são os países que mais contribuem nas atividades da Igreja em todo o mundo: se as torneiras dos filantropos católicos se fecharem, substituí-los na ajuda aos pobres, como fazem as Catholic Charities, seria muito difícil.
Naturalmente pode ser que Dolan tenha razão: uma dúvida não é o suficiente para criar um fenômeno, e uma compreensão mais apropriada das opiniões de Francisco pode resolver a questão. Além disto, é curioso que acerca destas posições econômicas e sociais, a Casa Branca espera reconstruir sua relação com o Vaticano, após as dificuldades tidas no passado, relacionadas às questões da vida e do aborto.
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O Papa “marxista” coloca em risco os dólares dos filantropos estadunidenses - Instituto Humanitas Unisinos - IHU