Chiapas, no México, pede ao Papa novos diáconos permanentes

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Por: André | 18 Dezembro 2013

Desde 2006, a diocese mexicana de San Cristóbal de las Casas, no Estado de Chiapas, está proibida de ordenar diáconos permanentes casados. Diante do temor de um cisma e após uma minuciosa análise da explosiva situação imperante (também em nível político), a Santa Sé pediu ao bispo para parar as ordenações até novo aviso. E o instou a abrir os horizontes da Igreja local, para acabar com uma “preocupante ideologização interna”. Sete anos depois, as coisas parecem ter mudado, ao menos segundo Felipe Arizmendi, que se reuniu com o Papa e solicitou-lhe levantar a proibição.

O número de diáconos permanentes nessa diocese passa, hoje, dos 300. Todos, menos um, são casados. Mesmo assim, Arizmendi e seu auxiliar, Enrique Díaz Díaz, consideram que a especial situação geográfica de Chiapas requer novas ordenações diaconais. Expuseram isto a Francisco no dia 12 de dezembro, quando se reuniram com ele por 25 minutos. Em entrevista ao Vatican Insider, Arizmendi falou sobre o encontro.

A entrevista é de Andrés Beltramo Álvarez e publicada no sítio Vatican Insider, 16-12-2013. A tradução é de André Langer.

Eis a entrevista.

Que temas abordaram com o Papa?

A situação dos indígenas em geral e também a tradução de textos litúrgicos para as diferentes línguas pré-colombianas. Ele já nos aprovou (em outubro) as fórmulas centrais dos sete sacramentos em tzotzil e tzetzal. Agora faltam as outras partes da missa, que mandamos à Congregação para o Culto Divino (da Santa Sé). O Papa ouviu com atenção e nos deu esperanças de que serão aprovados com prontidão.

Também se está avançando com o idioma náhuatl. Há um pedido para que a Congregação o autorize como uma língua litúrgica. Esse idioma é falado por um milhão e meio de mexicanos e foi falado também pela Virgem (de Guadalupe). É uma vergonha que não tenhamos uma Bíblia católica nessa língua quando existem outras cinco feitas pelos protestantes. É uma injustiça que cometemos e nos dá vergonha também que não haja missa autorizada em náhuatl. Já começamos a traduzir o Pai-Nosso e a Ave-Maria e estamos quase terminando a missa. Mandaremos tudo, mas o primeiro passo é que seja autorizado como idioma litúrgico.

Sua diocese vem de um processo difícil com medidas sem precedentes da Santa Sé que talvez não fossem bem compreendidas, como a proibição para ordenar diáconos. Abordaram isto com o Papa?

Foi algo em certo sentido compreensível. Havia desconfiança por serem tantos diáconos e poucos sacerdotes. A pergunta era: temos aqui uma Igreja apenas de diáconos? É explicável, porque efetivamente havia muitos diáconos e poucos sacerdotes. Além disso, em vários agentes de pastoral havia o desejo de poder ordenar sacerdotes casados. Pensava-se que, sendo tantos diáconos, se pudesse pressionar Roma ou se fizesse diretamente a ordenação de presbíteros provocando uma dissidência notável.

Felizmente, passamos de 66 para 98 sacerdotes. Havia 20 seminaristas e hoje são 66, quase todos de Chiapas. Destes, 32 são indígenas. Já temos seis sacerdotes indígenas. Desta maneira, abrem-se caminhos para que eles sejam responsáveis pela Igreja e não apenas empregados. Que vão assumindo postos importantes na diocese. Sonhamos que chegue o dia em que os indígenas não sejam apenas sacerdotes, mas também bispos. Porque no México existem 12 milhões de indígenas, mas não há nenhum bispo proveniente deste grupo social. As autoridades da Santa Sé e o Papa Francisco mostraram muita abertura aos sinais que Deus nos está mandando para que se retomem as ordenações. Isto obviamente não ocorrerá de um dia para o outro, porque é um processo.