06 Dezembro 2013
Praça de São Pedro superlotada, ar cortante, sol de inverno, entusiasmo nas alturas. Quase todas as quartas-feiras o roteiro se repete tranquilamente. Desta vez, no entanto, por causa do frio intenso, o papa, depois do banho de multidão, foi forçado a antecipar o seu retorno a Santa Marta para se aquecer um pouco e para se recuperar do cansaço acumulado durante a manhã. Um leve mal-estar de estação, nada de preocupante, mas bastou para levantar interrogações sobre a densidade dos seus dias.
A reportagem é de Franca Giansoldati, publicada no jornal Il Messaggero, 05-12-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
"Depois de mais de três horas de audiência, ele estava apenas um pouco cansado", explicou o porta-voz, padre Federico Lombardi. Quem pagou a conta dessa inesperada mudança de programa foi o cardeal Angelo Scola, que veio especialmente de Milão para conversar com Bergoglio sobre a Expo 2015. Um evento importante não só para a capital lombarda, mas também para a Igreja milanesa.
Scola esperou pacientemente por Bergoglio por mais de meia hora em uma salinha da Sala Paulo VI, passando o tempo lendo o seu breviário, até que um empregado veio lhe dizer que o papa estava exausto e tinha sido obrigado a se retirar antes do previsto por causa de uma leve fadiga.
Decisão
A conversa prevista com o arcebispo de Milão e com a cúpula da Expo 2015 foi adiada para janeiro, depois dos compromissos natalícios. Scola se apressou em enviar a Bergoglio as suas saudações, desejando sua rápida recuperação.
No Vaticano, garantem que ninguém levou a mal, ao contrário. Coisas que acontecem. Não como fez recentemente um conhecido cardeal estrangeiro, forçado a uma longa (e imprevista) antessala. Parece que foi embora irritado.
Mas o Papa Bergoglio, naquela ocasião, se comprometeu a terminar as saudações aos doentes e aos idosos, uma fila em uma audiência que durou além do prazo previsto. Generoso e incansável, esse é Francisco.
Banho de multidão
Nessa quarta-feira de manhã, apesar do frio intenso, o pontífice se apresentou aos 50 mil fiéis sem a echarpe branca que, ao invés, vestira da última vez em volta do pescoço. A única coisa que o protegia era o casaco de lã, branco, fechado na frente, que os secretários mandaram fazer em setembro, em vista da chegada da estação fria.
Bergoglio, sorridente, não se economizou, despreocupado com a temperatura. Saiu do Arco dos Sinos a bordo do jipe branco e descoberto, e, antes de subir ao adro de São Pedro para ler a catequese, fez uma longa volta dentro da Colunata de Bernini para saudar os peregrinos. Ele parou várias vezes, 10, 20, 30 vezes, depois beijou as crianças que os policiais e os guardas suíços aproximavam dele, apertou as mãos, inclinando-se para fora do carro, trocou algumas palavras com grupos de fiéis de língua espanhola amontoados atrás das barreiras.
Aplausos e gritos de estádio, como sempre, fotos com o celular e grandes bandeiras coloridas o acompanhavam enquanto ele passou. Bergoglio saudou, saudou e saudou novamente, incansável como sempre, apertado no corrimão do jipe, ordenando de vez em quando, com um aceno, que o motorista freasse e parasse, apenas para olhar nos olhos da multidão. Bergoglio, o papa do coração grande.
Grande força
Ele é o primeiro a confidenciar aos seus colaboradores mais próximos que não quer decepcionar por nada no mundo as pessoas que o esperam com paciência e com qualquer temperatura. Ele também diz que o seu calor chegará a cada um deles, e depois aquela mensagem de amor será transmitida aos familiares que estão em casa, multiplicando a energia positiva, o toque mágico. O efeito Bergoglio.
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Leve mal-estar na audiência: ''O papa está cansado'' - Instituto Humanitas Unisinos - IHU