18 Novembro 2013
O vento franciscano soprou forte mais uma vez, varrendo a grandiloquência do costumeiro cerimonial de Estado, começando pelo destino escolhido por Francisco para a visita ao Quirinal. Ele se apresentou a Napolitano a bordo de um simples Ford Focus azul. As Mercedes de altas cilindradas utilizadas pelos antecessores ficaram estacionadas na garagem, e sabe-se lá por quanto tempo permanecerão lá ainda.
A reportagem é de Franca Giansoldati, publicada no jornal Il Messaggero, 15-11-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Em antecipação ao cronograma, Bergoglio chegou ao compromisso sem escoltas imponentes, saudado pelos fiéis nos ônibus que se agitavam surpresos nas janelas. Os guardas a cavalo, que no passado tinham acompanhado os outros papas por todo o trajeto se contentaram em ficar coreograficamente no jardim, assistindo à chegada, juntamente com militares enfileirados.
Bergoglio, curioso com a majestosa presença destes cavaleiros, solicitou informações a Napolitano, que fez questão de contar a sua história.
Crianças
O vento franciscano não se deteve nem mesmo dentro do palácio, varrendo o hábito preto de cerimônia dos dignitários, de modo que o habitual fraque acabou na chapelaria. Os encontros depois foram mais informais do que o habitual. Foram convidados representantes da sociedade civil, incluindo Rubbia, Cacciari, Muti, Maria Romana de Gasperi, e, pela primeira vez, houve também um discurso de improviso ou, melhor, um verdadeiro abraço aos filhos de todos os funcionários que trabalham no Quirinal, filhos de secretários e secretárias, funcionários, policiais, diplomatas, jardineiros. Como uma grande família.
O papa argentino, com o seu estilo, desferiu um golpe à rigidez e ao formalismo, confiando-lhes a quente espontaneidade sul-americana. E assim, sorrisos, abraços, apertos de mão, e depois tantas perguntas alegres dirigidas aos pequenos: "Mas em que ano você está?", "E como você se chama? Federico? Que nome bonito", "Estou contente em conhecer você". Uma brincadeira de roda.
Diante deles, o sorriso de repente chegou ao seu rosto com um pouco de febre, já que, nessa sexta-feira de manhã, Francisco partiu de Santa Marta às 10h20min com uma leve gripe, um pequeno desconforto da estação que não o impediu de desfrutar a visita ao palácio que, antigamente, foi a residência de tantos pontífices e até mesmo a sede de quatro conclaves, depois o encontro muito cordial com o presidente Napolitano e, finalmente, o abraço aos seus amiguinhos que o esperaram sentados no chão, misturados entre si, com a sua vitalidade bagunceira, em um dos suntuosos salões sob o olhar dos funcionários.
Família
Um pouco antes, o seu pensamento tinha voado para a família italiana que deve ser mais tutelada e protegida pela política. "São tantas as nossas preocupações comuns e convergentes", dentre elas também a ausência de trabalho, as dificuldades da crise econômica e a necessidade de uma maior solidariedade.
Bergoglio se sente italiano e, como italiano, gostaria de bater na porta de cada habitante deste país para oferecer "a palavra curadora e sempre nova do Evangelho". O desejo que ele formula para a Itália é que ela possa superar dificuldades e divisões.
Finalmente um pensamento "afetuoso" ao presidente e um "muito obrigado de coração".
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Papa vai a palácio presidencial italiano em carro simples. E os turistas: ''É ele mesmo?'' - Instituto Humanitas Unisinos - IHU