''Nada de guardas oficiais a cavalo'': em visita ao presidente italiano, papa muda o cerimonial

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15 Novembro 2013

Nada de guardas oficiais a cavalo que acompanham o carro papal da Piazza Venezia ao Palácio Quirinal, mas somente alguns motociclistas de escolta. Não só autoridades institucionais, mas também expoentes do mundo da cultura e da solidariedade social. E, finalmente, um abraço informal de pastor com os filhos dos funcionários da presidência italiana. Foi uma visita ao sinal da simplicidade e da sobriedade que nessa quinta-feira de manhã o Papa Francisco fez ao Quirinal, hóspede de Giorgio Napolitano.

A reportagem é de Paolo Cacace, publicada no jornal Il Messaggero, 13-11-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Foi a nona vez, desde o advento da República italiana, que um pontífice entrou naquela que, uma vez, era a residência dos papas. Foi – e é desnecessário enfatizar – uma visita completamente diferente das anteriores, especialmente para reviravolta que o sucessor de Bento XVI quis imprimir em oito meses de pontificado. Mudanças significativas foram previstas para o cerimonial. E sobre elas trabalharam o conselheiro diplomático presidencial, o embaixador Antonio Zanardi Landi, e o embaixador italiano junto à Santa Sé, Giuseppe Maria Greco, que nessa quarta-feira descreveram aos jornalistas as linhas de destaque do encontro.

Um encontro definido justamente como imprevisível há apenas um ano: quando ninguém podia imaginar que, pela primeira vez na história da Igreja, um pontífice apresentaria a sua renúncia e que, posteriormente, do outro lado do Tibre, para Giorgio Napolitano chegaria a reeleição. A plena sintonia entre o papa e o presidente já foi registrada no encontro no Vaticano do dia 8 de junho passado. Mas agora a visita papal vai permitir aprofundar muitos temas comuns seja nos discursos oficiais no salão de festas, seja nas conversas bilaterais (sobre as quais é preciso dizer que a Santa Sé ainda não confirmou a presença do cardeal Parolin, novo secretário de Estado, convalescente).

A situação geral – enfatiza-se – é muito delicada, mas, no que diz respeito às relações Itália e Santa Sé, ela é de algum modo ideal e marcada pela máxima serenidade, porque, talvez pela primeira vez desde o fim da Segunda Guerra Mundial, o Vaticano está distante de querer condicionar a vida política italiana. Certamente, nas conversas privadas, Napolitano irá ilustrar os problemas sobre a mesa e não deixará de se debruçar sobre a crise italiana e europeia que afeta milhões de famílias. Não faltará uma particular atenção aos temas da imigração, com os seus dramas (o Papa Francisco contará sobre a sua viagem a Lampedusa) e os do Oriente Médio e do Norte da África. Mas é difícil fixar uma agenda.

O novo papa nos habituou a muitas surpresas sobre temas éticos, sobre a moral. É provável que ele irá falar com a costumeira linguagem da franqueza e da coragem, em uma linha de rigorosa separação de papéis entre Igreja e Estado italiano, que não impede uma frutuosa cooperação. E Giorgio Napolitano – devemos estar certos disso – não se limitará a ser um mero espectador.