Por: Jonas | 16 Novembro 2013
O “efeito Bergoglio” irrompe inclusive na lista dos “50 judeus estadunidenses do ano”. A revista “Forward” (voz histórica do judaísmo liberal do país) também decidiu incluir Bergoglio (na foto, à direita), na edição 2013 da “Forward 50”, o elenco anual de personalidades destacadas. Embora, é preciso acrescentar imediatamente, nos motivos desta decisão esteja um enésimo ataque gratuito contra a figura de seu predecessor Bento XVI.
Fonte: http://goo.gl/7QTEbG |
A reportagem é de Giorgio Bernardelli, publicada por Vatican Insider, 14-11-2013. A tradução é do Cepat.
Por não ser judeu, o papa Francisco foi acrescentado como “outsider”, e sua inclusão se dá em razão do fato de que “em apenas oito meses fez do tema da melhoria das relações com o mundo judeu uma questão chave”. Depois, acrescenta-se que “não deixou passar nenhuma oportunidade para denunciar o antissemitismo e está planejando uma visita a Israel no próximo ano. Além disso, recorda-se que o único livro que assinou o então cardeal Jorge Mario Bergoglio “é um extraordinário diálogo com um rabino que se tornou um de seus grandes amigos em sua natal Argentina”.
Entre estas ponderações, a “Forward 50” retoma o estereótipo da oposição entre o papa Francisco e Bento XVI, com afirmações sobre as relações entre Ratzinger e o judaísmo que parecem derivar de um evidente preconceito. A “Forward” não deixou de atribuir a Bento XVI uma insistente “rejeição a qualquer acesso aos arquivos vaticanos sobre o Holocausto”. Além de insistir na polêmica de sempre, relacionada com a causa de beatificação de Pio XII.
A respeito da questão dos arquivos vaticanos, a “Forward” diz uma coisa claramente falsa: durante seu Pontificado, Bento XVI abriu a consulta aos arquivos vaticanos até todo o Pontificado de Pio XI, ou seja, até 1939, período significativo em relação à perseguição nazista contra os judeus e durante o qual Pacelli era já Secretário de Estado vaticano. A respeito dos documentos sobre o Pontificado de Pio XII, a atitude de Ratzinger foi a mesma de Wojtyla: serão disponibilizadas quando estiverem catalogadas. A respeito do tempo necessário para concluir esta operação, falou em seu momento (em fevereiro de 2012, ou seja, sob o Pontificado de Ratzinger) o então cardeal Secretário de Estado Tarcisio Bertone, durante um discurso pronunciado na inauguração da exposição “Lux in Arcana”. Nele, disse que a abertura dos arquivos sobre Pio XII levaria alguns anos. Sendo assim, não se compreende a partir de qual fundamento a “Forward” insiste na descrição de Bento XVI como o obstáculo para a abertura dos arquivos vaticanos da época da Shoah.
Sem considerar que (expressando a esperança de poder ver a influência da atitude de Francisco na forma em que todos os cristãos tratam os judeus) a revista estadunidense não considerou oportuno citar as numerosas intervenções pronunciadas por Bento XVI, exatamente sobre este tema. Muitos observadores do mundo hebraico reconhecem que Ratzinger foi muito além do que qualquer outro Pontífice já havia chegado neste terreno. Basta recordar os discursos que pronunciou na Sinagoga de Colônia, em 2005, ou no Templo Maior de Roma, em 2010.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Papa Francisco entre os 50 judeus do ano - Instituto Humanitas Unisinos - IHU