Papa encontrará patriarca russo: ''Face a face em um país neutro''

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14 Novembro 2013

O papa e o patriarca. Francisco e Kirill. Um abraço histórico que hoje parece mais perto. A possível visita do chefe da Igreja Católica a Moscou, um encontro até agora sempre discutido e nunca realizado, poderia ser antecipada por um encontro do pontífice com o patriarca de todas as Rússias em um país neutro. Isso foi dito nessa terça-feira, em Roma, à margem de um congresso, pelo Metropolita Hilarion, presidente do Departamento das Relações Eclesiásticas Exteriores do Patriarcado de Moscou.

A reportagem é de Marco Ansaldo, publicada no jornal La Repubblica, 13-11-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Em duas semanas, o presidente russo, Vladimir Putin, chega em visita à Itália. Ele também verá o Papa Francisco no Vaticano. E a iminência do primeiro encontro entre os dois líderes parece poder agitar as águas em frentes inesperadas, depois de já ter produzido um resultado consistente com o bloco do ataque internacional contra a Síria, graças a uma carta enviada por Jorge Mario Bergoglio ao chefe do Kremlin e a decisão de iniciar um jejum. Um sucesso do Vaticano que Damasco apreciou muito.

"Neste momento – explicou o Metropolita Hilarion Alfeyev – ainda não estamos falando de uma visita à Rússia pelo pontífice, mas sim da possibilidade de um encontro entre o papa e o Patriarca de Moscou e de todas as Rússias em um país neutro". A ocasião da visita de Hilarion ao Centro de Ciência e Cultura russo era a apresentação de um livro do filólogo e filósofo Serguei Averintsev, do qual participaram como oradores o historiador italiano e especialista em Rússia AdrianoRoccucci e o presidente emérito do Pontifício Conselho para a Cultura, o cardeal Paul Poupard.

"Ainda não sabemos em que país isso poderia acontecer", acrescentou Hilarion. No entanto, estão no campo, como lugares, algumas hipóteses já bem definidas. Ao menos três. A cidade de Bari, onde há uma igreja ortodoxa russa; a capital da Áustria, Viena; e a abadia de Pannonhalma, na Hungria. O território neutro parece ser, assim, sob o perfil da oportunidade diplomática, o lugar designado que deverá ser um prelúdio para a possível viagem do papa à Rússia.

O diálogo entre a Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa se estreita. Nessa terça-feira, Kirill, enquanto o seu "ministro das Relações Exteriores" estava em Roma, acolheu em Moscou o arcebispo de Milão, cardeal Angelo Scola. E justamente à eminência vaticana, há muito tempo exposta ao diálogo internacional e inter-religioso, o patriarca deu sinais de abertura: "Nunca como hoje as nossas Igrejas tiveram tantas coisas em comum", observou, expressando o seu "aplauso" à ação do Papa Francisco, desejando que "os nossos dessabores históricos deixem de desempenhar um papel crítico".

"Temos um campo de trabalho comum", respondeu Scola, afirmando que o diálogo ecumênico "nunca escondeu as diferenças, mas é capaz de superá-las afirmando o valor da nossa unidade".

No fim do mês é esperado em Moscou o presidente do Pontifício Conselho para a Família, Dom Vincenzo Paglia, para discursar em um congresso organizado pelos ortodoxos.