03 Novembro 2013
No jornal Libero do dia de Todos os Santos, Antonio Socci dedicou um comentário ao ato mais politicamente incorreto, mas também mais clarividente, desta confusa temporada política.
A nota é de Sandro Magister, publicada no blog Settimo Cielo, 01-11-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Ou melhor, antes de um comentário, ele deu a notícia que quase nenhum outro jornal, com exceção do Avvenire, dos bispos italianos, havia dado. Ele relatou o que aconteceu em Norcia, no sábado, 26 de outubro, na nona edição dos encontros anuais da Fundação Magna Carta, intitulada: "Ratzinger para além de Ratzinger".
Eis o início do texto de Socci:
"'A tentativa de Ratzinger foi uma tentativa heroica de conter a forma pós-moderna do Anticristo'. Quem pronunciou essas palavras – em referência ao magistério de Bento XVI sobre os grandes temas ético e antropológicos – foi um dos mais importantes pensadores marxistas dos nossos anos, Mario Tronti, ex-fundador teórica do operaísmo e politicamente engajado no PCI [Partido Comunista Italiano], depois no PDS [Partido Democrático de Esquerda] e no PD [Partido Democrático]".
E logo depois:
"O evento girava em torno de dois textos de inspiração ratzingeriana: o 'Manifesto de Norcia', lançado em 2011 por Gaetano Quagliariello, Eugenia Roccella e Maurizio Sacconi, que pretendia falar para a centro-direita; e o manifesto dos chamados 'marxistas-ratzingerianos', escrito por Giuseppe Vacca, Mario Tronti, Pietro Barcellona e Paolo Sorbi, que falava para a esquerda democrática".
Os leitores do Settimo Cielo, do sítio Chiesa e do Avvenire conhecem bem os antecedentes desse último encontro na cidade que deu à luz São Bento.
Mas, além disso, desta vez, além de atualizar as respectivas leituras da atual "emergência antropológica" – os " marxistas ratzingerianos" com uma análise da encíclica Lumen fidei, assinada pelo diretor do Instituto Gramsci, Giuseppe Vacca –, ambos os grupos produziram uma declaração conjunta na qual postulam a exigência de "um humanismo compartilhado como foi projetado, para crentes e não crentes, pela tradição cristã e pela constituição republicana", reafirmam a centralidade na ação de governo de questões como a vida, a família, a liberdade educacional e concluem com este apelo:
"Nós convidamos o parlamento a uma moratória legislativa sobre temas eticamente sensíveis com o objetivo de substituir o conflito ideológico com a escuta recíproca entre defensores das diversas teses em função de soluções unificantes e não divisivas da sociedade italiana. E convidamos os grandes partidos a se confrontar com os temas antropológicos na busca de uma comum base ética da nação".
Socci observa que nenhum dos intelectuais e políticos autores do apelo provém do tradicional associacionismo católico. A matriz de cada um é marxista, ou socialista, ou radical, todos mundos geralmente distantes, se não opostos à Igreja.
E essa também é uma notícia, em tempos em que uma leitura incorreta da "reviravolta" do Papa Francisco induz muitos, incluindo os próprios católicos, a desconsiderar uma "profecia" de primeira grandeza expressa pelo magistério papal das últimas décadas.
Os textos do encontro de Norcia do dia 26 de outubro de 2013 podem ser encontrados no site da Fundação Magna Carta, disponíveis aqui (em italiano).
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''Marxistas ratzingerianos'' se encontram na Itália em busca de uma ética comum - Instituto Humanitas Unisinos - IHU