Revolução de Bergoglio: secretário não é mais ''de Estado'', e sim ''papal''

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31 Outubro 2013

A Secretaria de Estado vaticana está destinada a mudar de nome e a se tornar "Secretaria Papal". E "não é uma questão nominalista", explica o bispo Marcello Semeraro, secretário do Conselho dos oito cardeais que Francisco nomeou para reformar a Cúria.

A reportagem é de Gian Guido Vecchi, publicada no jornal Corriere della Sera, 30-10-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Não há detalhes aparentes que dizem o essencial: ainda que, enquanto isso, o papa se prepara para convocar para o dia 22 de fevereiro, festa da Cátedra de São Pedro, o seu primeiro consistório para a nomeação de novos cardeais e reunir, no dia anterior, os purpurados do mundo para discutir a portas fechadas a reforma em andamento.

A denominação, em si mesma, já existia: na Regimini Ecclesiae Universae, com a qual Paulo VI realizou a grande reforma da Cúria de 1967, falava-se de Secretaria Status seu Papalis, "Secretaria de Estado ou Papal", mas o adjetivo não estava em uso. Agora ele passa para o primeiro plano.

Sobre o novo "provável" nome, o cardeal chileno Francisco Errázuriz, um dos membros do "G8", falou para a revista Vida Nueva, e Dom Semeraro explica: "Hoje, o termo 'secretário de Estado' pode ser mal interpretado. Ele tem uma conotação 'política'. Trata-se de colocar cada vez mais ênfase na dimensão eclesial do secretário, no seu papel de apoio às funções do papa, como bispo de Roma e chefe da Igreja universal. E depois há formulações antigas que não respeitam mais a realidade...".

O nome "secretário de Estado", de fato, remonta aos séculos do poder temporal. Além disso, o Pe. Lombardi havia explicado: "A palavra 'Estado' não deve criar equívocos. De fato, é a Secretaria do papa para o seu serviço de governo da Igreja universal".

Falar de "Secretaria papal" está mais de acordo com a nova figura que se perfila. O secretário de Estado, como ele é conhecido desde a reforma de Montini, se aposentou juntamente com o cardeal Bertone. Com o sucessor, Pietro Parolin, grande diplomata, ele continuará sendo uma figura central, mas mais projetada à dimensão internacional da Igreja e menos hegemônica no Vaticano, não mais curvada sobre os problemas de uma Cúria destinada a mudar radicalmente e a se tornar mais ágil e a "serviço" de uma Igreja menos "centralista".

Pensa-se em um Moderator Curiae ou "coordenador" curial. Trabalha-se para podar o excesso de Conselhos Pontifícios e rever as Congregações: o cardeal Óscar Maradiaga, que lidera o "G8", explicou que haverá uma "Congregação para os Leigos" ("Há uma para os bispos, uma para os sacerdotes e outra para os religiosos, e não existe uma para os mais numerosos!"), que neste ponto poderia reunir as funções de diversos Conselhos.

Mas isso vai levar tempo, até mesmo para além da segunda reunião do "G8" em dezembro e da terceira no dia 3 de fevereiro. Um pouco depois, no consistório, o papa poderia criar ao menos 14 novos cardeais (os "eleitores" serão 106, o limite não vinculante de Paulo VI é 120).

Na Cúria há ao menos três candidatos: além de Parolin, o prefeito do ex-Santo Ofício, Gerhard Müller, e o do Clero, Beniamino Stella. Na Itália, as dioceses "cardinalícias" de Turim e Veneza. Em geral, na Igreja cada vez menos eurocêntrica, esperam-se muitos purpurados de fora do Velho Continente.