25 Outubro 2013
Há mistério demais no Vaticano sobre as condições de saúde do novo secretário de Estado, Dom Pietro Parolin. E há inquietação com a possibilidade de que a mudança na cúpula da máquina curial (desde 15 de outubro, o cardeal Bertone não é mais secretário de Estado, e Parolin o sucedeu apenas formalmente) não possa iniciar com aquela eficiência e tempestividade das quais o Papa Bergoglio precisa extremamente para dar continuidade ao trabalho em todos os canteiros de obras que ele abriu: da colegialidade às finanças vaticanas, do papel das mulheres ao tratamento dos casais divorciados em segunda união, da política externa à verificação da atividade dos bispos em várias partes do mundo.
A reportagem é de Marco Politi, publicada no jornal Il Fatto Quotidiano, 24-10-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
O Papa Wojtyla havia inaugurado a transparência no que diz respeito às operações cirúrgicas, mesmo sérias, a que se devia submeter. No caso de Parolin, essa linha não foi seguida. Às pressas e com fúria, na véspera da troca de patente marcada para o dia 15 de outubro, foi anunciado que o novo secretário de Estado teve que se submeter a uma cirurgia não grave. Uma cirurgia relacionada ao fígado. Assim, a cerimônia não o teve como protagonista.
No hospital de Pádua, onde ele foi internado no departamento de cirurgia hepatobiliar, o prelado de 58 anos foi submetido a uma cirurgia "de inspeção", sobre cujo resultado não foi dito nada, e nem sequer foi possível ter esclarecimentos sobre os tratamentos e as análises aos quais ele está sendo submetido nestes dias.
O jornal Corriere Veneto, dias atrás, contou que a cirurgia tinha natureza "de inspeção" e, portanto, foi realizada para entender a situação do fígado do paciente. Também foi dito que os médicos pretendem determinar a tipologia de certas "anormalidades que surgiram durante as análises".
Agora há rumores no Vaticano de que há "complicações". Registra-se um certo nervosismo. Nove dias atrás, o porta-voz papal, padre Lombardi, havia comunicado que, "também por vontade do Santo Padre, foi decidida a linha da confidencialidade". Lombardi tinha acrescentado que "em algumas semanas" Parolin poderia começar o seu trabalho "plenamente tranquilo". Na realidade, na ausência de um boletim médico preciso, as previsões correm o risco de se tornar aleatórias.
A nomeação de Parolin, diplomata fino e experiente natural de Vicenza, foi acolhida com grande satisfação na Cúria e em muitos ambientes da Igreja universal. O Papa Francisco tinha apontado para ele poucos dias depois da sua eleição, mas durante vários meses não tinha vazado nada. Se as condições do novo secretário de Estado não se estabilizarem no curto prazo, será um grande problema para o Papa Bergoglio, que tem que lidar com uma série de resistências oblíquas ou subterrâneas aos seus projetos reformadores e, portanto, precisa de uma equipe de colaboradores na Cúria liderados por mãos experientes e determinadas.
Alguns artigos de ataque apareceram no jornal Il Foglio. Muitas críticas duras contra o papa argentino, que circulam na internet, evidenciam que o seu governo não será um "passeio". A dureza com a qual Dom Müller, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, interveio no L'Osservatore Romano para contrastar a hipótese de que se pode dar a comunhão aos divorciados em segunda união por "misericórdia" contrasta claramente com a atitude mais pastoral demonstrada por Francisco várias vezes. E é um sinal que não deve ser subestimado.
Dom Parolin fez até agora apenas um ato oficial. O envio, no dia 19 de outubro, de uma mensagem de solidariedade à população australiana, atingida por uma onda de incêndios.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Os muitos mistérios sobre a saúde de Dom Parolin - Instituto Humanitas Unisinos - IHU