19 Outubro 2013
A direção do Instituto Royal vai processar os ativistas que invadiram o laboratório da organização na madrugada desta sexta-feira, 18, em São Roque, região de Sorocaba, e fizeram o resgate forçado de 178 cães da raça beagle.
A reportagem é de José Maria Tomazela e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 19-10-2013.
De acordo com o diretor científico João Antonio Pegas Henriques, serão usadas imagens da invasão para identificar os líderes. "Estamos acionando nosso departamento jurídico para responsabilizar nas esferas civil e criminal os autores dessa invasão, pois houve saques e danos." Segundo ele, além de retirar e levar os animais, os invasores arrombaram portas, depredaram instalações e furtaram computadores e documentos. Os cinco agentes de segurança que estavam no local nada puderam fazer. Os prejuízos não tinham sido avaliados até o início da tarde.
A Polícia Civil foi acionada para fazer uma perícia no local. Segundo Henriques, os animais levados pelos invasores não estão preparados para viver em qualquer ambiente e muitos estavam em tratamento. "Os prontuários desses animais também foram levados. O pior é que estão fazendo terrorismo com nossos funcionários."
No início da tarde, alguns manifestantes voltaram a se concentrar na frente do portão. A ativista Rosana Aparecida da Silva informou que as ações não vão parar. "Não basta tirar os animais, é preciso ir além para fechar essa organização." Um novo protesto está marcado para a manhã deste sábado, 19, no acesso do instituto, no bairro Mailasqui, zona rural de São Roque.
O Instituto Royal é investigado pelo Ministério Público pelo uso de cães em testes para a indústria farmacêutica.
'A gente quer fechar isso', diz internauta
O caso ganhou repercussão nas redes sociais. Surgiu até uma página no Facebook oferecendo os animais resgatados em adoção. A apresentadora Luisa Mel, que estava na manifestação, postou que o dia foi um dos mais importantes de toda a história da proteção animal. "Quem tem coração não aguentou e juntos mudamos para sempre a história dos animais."
A internauta Larissa Carvalho elogiou a ação dos "anjos ativistas". Rosana Aparecida da Silva, de São Roque, disse que a mobilização vai continuar. "Não basta tirar os animais, a gente quer fechar isso."
Adotar cães levados de instituto é crime, diz delegado
Quem adotar qualquer dos cães da raça beagle levados por ativistas, na madrugada desta sexta-feira, 18, do Instituto Royal, em São Roque, pode incorrer em crime de receptação, alertou o delegado seccional de Sorocaba, Marcelo Carriel.
Páginas na internet ofereciam os animais resgatados para interessados em adoção. Segundo o delegado, como se trata de produto de furto, a pessoa que adotar o cão conhecendo a procedência vai incorrer no crime de receptação, previsto no artigo 180 do Código Penal. A pena prevista vai de um a quatro anos de prisão. "Não precisa ser venda para caracterizar o crime. Em se tratando de bem furtado, receber em doação também caracteriza o crime de receptação", explicou.
No final da tarde, a Polícia Civil de São Roque abriu inquérito para apurar a invasão e depredação do Instituto Royal por ativistas em defesa dos animais. O delegado Marcelo Pontes espera o laudo da perícia feita no local para decidir sobre os indiciamentos. Ele vai usar imagens da invasão para identificar os possíveis autores dos crimes de furto qualificado, danos e ameaça.
A denúncia de maus tratos aos animais já é apurada no âmbito do Ministério Público Estadual. O promotor público Wilson Velasco Júnior disse que a invasão e retirada dos animais atrapalharam as investigações. O inquérito civil, segundo ele, apura se o instituto age de forma legal ou não. "Como os cães viviam num ambiente estéril e foram tirados desse ambiente, a eventual materialidade de um crime foi prejudicada."
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O resgate de cães em São Paulo gera debate - Instituto Humanitas Unisinos - IHU